sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Deuses americanos

"Um dia estão banhando em sangue todo o exército do império em sua honra e no dia seguinte nem lembram do seu aniversário".

A frase acima, dita pelo sr. Wednesday (Quarta-feira, em tradução livre) é uma das minhas citações preferidas de "American Gods" (Deuses Americanos), do Neil Gaiman. Ele se refere a Mithra, enquanto explica para Shadow, o protagonista da história, o que o Natal significa. E ainda diz que Jesus Cristo é um garoto esperto porque conseguiu um monte de seguidores bem rápido, para a idade deles.

Wednesday - assim como Easter, Ibis, Mama-ji, Jacquel e Bast - é um deus. Todos eles vivem nos Estados Unidos, porque em algum momento de sua existência, alguns de seus fiéis e cultuadores foram parar ali. Alguns na época do colonialismo, outros muitos séculos antes.

O problema é que, hoje, ninguém mais se lembra deles. Não há mais cultuadores dessas divindades. Nem entre os pagãos, que optaram pelo culto a um princípio feminino inominável. Segundo Wednesday, os novos deuses da América são a televisão, os seguros e outras coisas que vieram com o mundo moderno e tomaram o seu lugar. O altar doméstico, para ele, é a tv da sala. E o culto é o programa noturno em que toda a família pára para assistir - aqui seria o Big Brother, ou a Novela das 8. Nem Jesus Cristo compete com eles.

Uma amiga me disse que todo o Neopagão devia ler "American Gods". Eu concordo. Acho que faz com que a gente pense um pouco na nossa relação com os deuses, nas nossas crenças e na nossa ancestralidade. Como é uma obra escrita por alguém que não é pagão - pelo menos não que eu saiba -, não temos parcialiadade e romantismo. Temos uma boa história, com boas referências, com boa pesquisa e uns pontos interessantes para se pensar.

Quem quiser ler, pode encontrar na Livraria Cultura a edição em inglês por R$ 35. Há algumas edições em português no site Estante Virtual, mas o preço é mais salgado.

8 comentários:

Cassia disse...

nossa, adoooooro mesmo, acho leitura fundamental!!!

aliás, semana que vem estréia Coraline. vamos ver?

=D

Unknown disse...

Eu vou super ler o seu, Inês.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sarah Helena disse...

Eu acho Deuses Americanos fundamental. É um livro que te põe para pensar... que te faz perceber umas coisas muito interessantes... e que tem um tipo de jornada do herói muito, muito, peculiar.

Eu gosto do Shadow. Eu gosto das coisas que rolam ali. E gosto de perceber que cada vez que releio esse livro, encontro algo novo.


Aliás, acho mega a proposta de irmos assistir Coraline...

Jota Olliveira disse...

Meu, tipo...
Muito real o livro, faz mesmo pensar em ancestralidade. Uma outra coisa MUITO curiosa que o Wednesday menciona é que hoje por exemplo, nas regiões nórdicas, um outro Odin está sendo cultuado, e não ele rss... Isso é curioso... Pq indica que, ao menos na visão do autor, cada Deus(talvez dentro de cada um de seus epítetos) não seja apenas UM... muito louco isso!!!

Pi, leia sim...
Inês... sim devia ser leitura OBRIGATÓRIA pra qualquer aspirante ou neo-pagão... abre muito a mente.

Lórien disse...

Olha, até onde eu saiba, Gaiman é odinista. Mas ele não fala sobre isso publicamente foi uma conhecida nossa quem perguntou isso prá ele em uma seção de autógrafos...

Inês Barreto disse...

Faz todo o sentido se ele for.

Unknown disse...

Estou quase terminando e estou me convencendo que uma tempestade vem chegando. Não entre nossos deuses e a "modernidade" mas, mais como uma questão de como as coisas se organizam...

Nem 8 mil tambores batidos ao mesmo tempo segurariam essa tempestade.