domingo, 12 de abril de 2009

Outras visões de Apollo


Muitos deuses gregos e romanos tem seus correspondentes etruscos. Lendo sobre isso, não consigo chegar à conclusão de que eles realmente tinham mitologias parecidas, ou se é só uma necessidade de comparar todos os mitos ocidentais com os gregos.

Contestações à parte, eu gosto de ver na mitologia comparada outras visões, às vezes mais primitivas, dos deuses gregos. E nessas eu descobri Apullu, ou Aplu, a "versão etrusca" de Apollo.

Pelo que eu consegui descobrir até agora (e estou me odiando por ser obrigada a procurar informações nos livros do Charles Leland), a grande semelhança entre os deuses é a sua relação com a cura. Assim como Apollo, Apullu era chamado para evitar as pragas, curar doenças e tirar o mal olhado.

Entre os epítetos de Apollo, existe "o que afasta o mal". Em um dos livros sobre Etruscos do Leland - que eu não me lembro o nome -, ele cita um pequeno feitiço rimado para Apullu, com esse intento.

A relação mais próxima dos dois são as pragas e seu poder de trazê-las ou afastá-las. Tanto que outro autor diz que Apullu está mais ligado ao Apollo Smintheus do que aos epítetos solares do deus. Além disso, Aplu era relacionado às variações do tempo e ao trovão, que na Grécia é uma atribuição de Zeus.

Além dos atributos de cura e purificação, Aplu também tinha no louro sua erva sagrada. Algumas de suas imagens o retratam com coroas e ramos da erva. Ele também era frequentemente desenhado ao lado de sua irmã, que tem relação com Ártemis. Porém, o parentesco de ambos não se relaciona com uma equivalente a Leto, pelo menos até onde eu consegui ler.

Junto a isso, descobri outras coisas sobre Apollo em si. Que, por exemplo, havia um deus de cura em Creta, cujo o nome era algo similar a Paion, registrado na Linear B. Paion é um dos epítetos relacionados a cura do Apollo grego, mas os arqueólogos não creem que são a mesma divindade. Na opinião da corrente histórica mais proeminente, o culto a Apollo e a Leto veio da região da Turquia e parou em Creta, onde os gregos assimilaram os dois, junto com outras divindades - como Zeus, Posseidon, etc - e levaram para o continente.

Há, ainda, controvérsias sobre o culto de Apollo Délico, na ilha de Delos onde, segundo o mito, Leto teria dado a luz aos gêmeos. Há fortes evidências de um antigo culto a deusa-mãe e à Ártemis, mas o culto a divindade masculina na ilha parece ser discreto e bem posterior. Isso parece ser mais uma evidência de que Apollo é um deus originário de outra região.

Mais uma relação oriental são com os deus solares da Anatólia e da Babilônia. Um desses deuses, coincidentemente chamado de Aplu Enlil, também tem relação com o Sol e com as pragas. Há, ainda, Shamash, outro deus solar.

E assim vamos cavando e vendo de onde pode ter saído o culto de uma das divindades com um dos cultos mais disseminados entre os gregos - e entre os neopagãos também.

A imagem é uma cabeça
de divindade etrusca, do Museu do Prado,
possivelmente Aplu.

sábado, 11 de abril de 2009

Combinações que funcionam


Não tem jeito. Existem algumas combinações que são praticamente orgânicas, de tão bem que ficam juntas.

Pão quente e manteiga.
Bolo quente e café.
Sol e praia.
Gato e patchwork.

E uma outra excelente, são combinações divinas... Ariadne e Dionísio... Zeus e Hera... Afrodite e Ares. E essa talvez seja a minha preferida.

Assim, numa homenagem a Ares feita todo mês, dessa vez, eu o coloquei junto a Afrodite. E senti que foi uma celebração muito mais feliz =)

domingo, 5 de abril de 2009

Palestra da Tarde Esotérica de Abril - Visionários


Visionários. Tá ai uma discussão que foi muito interessante...

Eu coloquei no Twitter - aliás, quem quiser me seguir, clique aqui! - uma pergunta: O que é um visionário? E muitas respostas interessantes chegaram. E acho que a minha favorita foi a que o visionário é como Apollo, o arqueiro que o olha o ponto além do ponto para poder acertá-lo em sua realidade.

E eu penso bem isso mesmo. O visionário é aquele que consegue enxergar uma realidade, numa análise e fazer que isso se manifeste no tempo de hoje. Como sempre ele pode não ser o mais bem interpretado... geralmente, até, incompreendido.

A questão é que o meu visionário foi a profa. dra. Sabina Magliocco. Professora universitária, mulher, amante de gatos, fazedora de testes do Facebook. Uma pessoa que é como eu e vc, mas que tem umas teorias e estudos, que eu não tinha até uns 2 anos atrás e que mudou mt meu jeito de pensar algumas coisas e que me mostrou que o que eu pensava e entendia a respeito de algumas questões da stregoneria por ai não eram mera implicância.

A profa. é wiccana. E doutora em Antropologia. Assim, ela coloca toda nossa perspectiva teórica e de estudo de campo, avalisando o que acreditamos num campo teórico e científico. E eu acho isso bárbaro. Porque sai do campo do achismo para se confirmar em fatos históricos, estudos de campo e mesmo vivências de outros que não nosso grupo seleto.

Assim, eu convido a todos para lerem seu texto Magia Vernacular X Stregheria, que eu traduzi... e visitar o link que está ai do lado, no blog, na parte MAIS SOBRE STREGHERIA, o Stregheria and Vernacular Magic, pois é parte de um fórum, em inglês, no qual a professora interage com os membros do fórum e fala mais sobre tradição e um pouquinho sobre Aradia. Vale a pena.

E a todos que foram à palestra, muito obrigada =)

A imagem é a professora sendo uma pessoa, como eu e vc... Ah, sim, vc pode encontrá-la no Facebook =)