segunda-feira, 4 de julho de 2011

Rezas diárias...

Como vc se liga aos Deuses no seu cotidiano?

Vc reza?

Medita?

Deixa oferendas?

Pesquisa da semana =)
Pietra

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Um dia para a lua nova

Depois de passar esse tempo pensando em ancestralidade e buscando vivências diferentes, hj eu recebi um mail que me fez pensar numa outra coisa, que é bem importante e que já foi abordada aqui no blog algumas vezes... mas que sempre vale ser falada. O Lararium.

O Altar aos Ancestrais é uma prática curiosa no sentido de que aparece em várias culturas... dos romanos aos celtas... fotos da família em casa... a vontade de registrar e, principalmente de não deixar esquecer.

Olhar para a ancestralidade, seja ela do local, de prática ou de sangue é sempre uma lembrança para que tenhamos sempre em mente o que somos e o que podemos. Quero dizer, se somos parte de uma coisa maior que a gente, uma terra, uma espiritualidade, olhar para os pequenos pedaços que são nossos ancestrais, nos ajuda no sentimento de pertença.

Então, o que vai ali, naquele cantinho sagrado da ancestralidade?
De um, tudo!
Algumas pessoas - como eu - tem um pequeno símbolo dos Lare, os deuses romanos da casa. Outras possibilidades são pequenos pertences de seus avós, bisavós, pais etc... uma vela que sempre queima... Eu tenho uma tesoura que nos ajuda a cortar o mal olhado... eu tenho símbolo dos meus Deuses... e do que a minha família significa. Afrodite na pele de Nossa Senhora Aparecida... Dourada... Ares/Marte na pele de São Jorge... Louro, turmalina... e outras cositas más.

E os visite. Converse com eles... Os nossos ancestrais sempre tem uma orientação, uma dica... afinal, eles já passaram por isso antes. Certeza!

Um ótimo novo mês para nós!
Pietra

terça-feira, 28 de junho de 2011

Celebrar Afrodite

Amanhã, dia 29 de junho de 2011, no Faces da Lua, vamos celebrar Afrodite.

Será um encontro para conhecer seus mitos, histórias e a natureza dessa Deusa tão celebrada.


Traga suas oferendas e vamos nos sentar, conversar e nos harmonizar com a Beleza.

Onde? Espaço Faces da Lua
Rua Colônia da Glória, 414
tel: 11 2306-1751
http://www.facesdalua.com.br
às 20hs.

Coordenação: Pietra di Chiaro Luna

Quase na lua nova

Vivemos quase um mês com a nossa ancestralidade...

Aprendemos... pesquisamos... pensamos...

O que vc aprendeu esses dias?

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Cães e ancestrais

Matilda, cã de Marcos e Pietra.
Marcos é xamã... e com seus estudos, trabalha a cultura e a divindade celta. Isso faz parte da minha vida agora. Não que eu venha mudar a minha espiritualidade per se, mas quando se vive ao lado de quem trilha um caminho, vc o percebe também.  E nós aqui, streghe,  também poderíamos fazê-lo uma vez que os celtas moravam, entre outros locais, no norte da Itália... E os celtas acabam fazendo uma parte da nossa ancestralidade, como descendente de ítalos. E um ponto que eu gosto muito das histórias que eu ouço sempre é a de Cuchulainn, o cão de Cullain.

É uma história irlandesa de um herói, filho do deus Lugh, bastante jovem que mata o feroz cão do rei Cullain. E, ao perceber a besteira que tinha feito, decide SER o cão do rei até que outro animal possa ser treinado.

E Cuchullain se torna um grande herói... pelo que eu vi e entendi, me atreveria a dizer quase um Aquiles irlandês... inclusive com o toque de controvérsias com os deuses... Enfim... Deuses, heróis e animais... é a nossa alma... animal... nosso ser.

E há quanto tempo os cães não estão conosco. E tal qual Cuchullain com fidelidade e amizade?
O quanto os cães não estão com nossos ancestrais fazendo valer diferentes histórias? Algumas mais tristes, outras bem alegres. Mas eles estão lá.

Quem não se lembra de um nome de cachorro da família? Da avó? Dos tios? Minha avó e meu pai tinham o Lobo, que era um vira-lata que tinha medo de trovão e roubava bala do criado-mudo da minha avó. Ele morreu logo que eu nasci... e foi enterrado na casa de Caraguá.

Eu e Marcos temos a Matilda. E tenho certeza que a Matilda já está marcada na história da família... um ancestral cão quando for a hora. Matilda é engraçada, feliz... e dedicada. Sim... Matilda vem nos saudar, vem nos lamber, morder e brincar, nem que seja de madrugada. Matilda quer nos agradar porque estamos com ela em casa... e a pegamos pequeninha... toda pretinha...

Matilda, como uma boa parte dos cães, tem em si essa lealdade que muita gente não tem. Matilda tem esse astral que muita gente não tem. Matilda é feliz e adora visita. Tem horas que eu não tenho muita certeza se ela sabe que é cachorro, pq tem 2 irmãos gatos. Mas o seu instinto está lá... de brincar, de correr, de fazer festa. E de ser leal. Matilda nos ama sem perguntar por quê.

E assim, os nossos ancestrais e seus cães seguiram o caminho... em estradas ou em templos; em caças ou pescas; em casa ou na rua.

Cães são animais que acompanham os homens por muitos anos. Assim foi e será. E como todas as famílias, teremos histórias de cachorro para contar e com algumas, como a do herói Cuchulainn que aprende sua lição de fidelidade, aprendemos as nossas.

Pietra,
mãe da Matilda, do Xico e da Luna.

terça-feira, 21 de junho de 2011

E quem também vem vivendo sua ancestralidade

Segue o texto da Nath Hera, strega, na Itália, falando de ancestralidade.

Leia no Taranta da Hera!

sábado, 18 de junho de 2011

Uma tão feliz senhora


E se nós formos lembranças de nossos ancestrais?
Ouroborus, de Estela Cassilatti

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Lua e Ancestralidade

Desde que eu comecei a estudar Bruxaria Italiana, a coisa da lua cheia me chama atenção. No meu caso, acho que foi um trechinho que eu peguei de um livro do Raven Grimassi que me marcou muito e que fez a coisa ter muito sentido... É o que eu falo... minha prática não é ligada a Stregheria do Grimassi, mas, uma das muitas coisas que ele coloca, para mim, acabou fazendo sentido... vai saber.
 
O ponto é que a lua cheia é dada como um encontro. Eu me lembro que nesse livro que eu li, dizia que na Lua Cheia, os espíritos ancestrais faziam aquele brilho ser sua reunião e que dali, desciam para a terra para fazer-se "re-encarnar" ou renascer entre nós, como mais uma parte de nossas famílias. Pois bem, não bate exatamente com o que eu penso sobre morte e renascimento etc e tal, mas não deixa de fazer um certo sentido, uma vez que nas luas cheias, tanto as maternidades quanto os necrotérios lotam - experiência pessoal.
 
Assim, quando ligamos a lua cheia à vida e à morte, estamos fazendo dela um ponto focal de nosso ciclo... de nascer e viver... e de viver e morrer... A Lua pode concentrar todo esse fascínio porque ela está lá, linda, pregada no céu... Olhando para nós, todos os dias de nossas vidas. E poucas coisas tem essa perenidade, num mundo de tantas mudanças.
 
A Lua Cheia, que é cheia para nós hoje, foi cheia para nossos avós e bisavós e para os primeiros habitantes de Mantova ou de Delfos. Ela esteve com essas pessoas e, certeza, que ouviu clamores, suspiros, orações, pedidos... e testemunhou encontros, estudos, caças e cenas e cenas de amor.
 
É a lua cheia que sobe pelos seus e pode ser hoje vista por janelas ou que ilumina num raio azulado nossos quintais que está sobre nossas cabeças... e estará sobre as novas gerações e que, queiram os Deuses, será sempre Luna e Selene e que inspirará o amor, a magia e a reunião entre famílias e ancestrais.

Pietra

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Por que matamos os espíritos que acompanham nossa ancestralidade?

Hoje, durante uma aula de língua portuguesa que assisti, ouvi umas coisas que me deixaram meio preocupada...
Como uma das unidades que se estuda na escola - que é importante dizer, é confessional, ou seja, de cunho religioso declarado - é sobre folclore. E conhecer o folclore é conhecer todas as nossas grandes tradições - incluindo algumas menores que são bem regionais mesmo.
 
E hoje era dia do Saci... e eu confesso, tenho medo de saci... coisa de trickster mesmo...
 
Bom, o ponto é que a professora dizia aos alunos: existe Curupira?
Existe saci? Precisa ter medo? Mesmo se for no mato?... e eu morrendo do lado...
 
O Saci é uma das histórias do Monteiro Lobato e nessa, o próprio saci tem um diálogo com Pedrinho dizendo a ele que monstros existem e não existem, dado a quem acredita neles. E comenta ainda que nos mitos dos povos antigos existiam muitos monstros, porque os povos acreditavam neles... tal qual o saci, que conversava com o menino.
 
O que eu fiquei pensando: será que em nome de matar o "medo" podemos "matar" esses espíritos, essas marcas de ancestralidade da nossa terra? Quero dizer, em nome de não deixar as crianças de uma religiosidade que não é a nossa, podemos simplesmente dizer que tal e qual não existe? Eles não vivem na mesma terra que nós?
 
Por que não enxergamos, não existe? Não existe ar, então...
 
Eu fico pensando tanto na fantasia... quanto nesses espíritos, como o Saci, o Curupira e mesmo a Mula-Sem-Cabeçca (toc toc toc) que estão vivos em nossa tradição e cultura, quanto em todo o direito de imaginar e mesmo, de ter medo, pode ser tirado?
 
Não quero mesmo que as crianças se apavorem... mas que conheçam... que as coisas sejam colocadas em seus lugares.
 
Quando contei a história de um leprechaun, meus alunos foram na hora: isso existe? E eu sempre respondo: os irlandeses acreditam... E eles: e vc? Eu sempre acredito, pois se os povos acreditam, quem sou eu...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Construções e identidade

Pensando em ancestralidade de local e de sangue, fiquei pensando no que é um registro físico dessa identidade ancestral. E me deparei com construções. Incrível como existem construções milenares, ainda em pé, que mostram muito claramente quem é um povo, ou qual foi a cultura de um grupo de pessoas e como podemos nos identificar com elas.
 
Eu penso, no meu caso, em Delfos e em como aquelas ruínas ainda falam. Eu imagino poder colocar o pé naquele lugar e sentir o que se sentiu um dia, e estar onde as pítias puderam estar e dividir aquela terra com tantas outras como eu, por algumas horas. Eu imagino que isso deve ser catártico.
 
Penso também na oportunidade que eu tive de ir para Chitchen Itzá, no México e estar naqelas ruínas relifiosas de centenas de anos, e, embora minha ancestralidade não relacione-se diretamente com os astecas, com eles e estando naquele lugar, aprendi muito sobre um olhar muito mais divino da morte e como estar entre povos indígenas nos mostram coisas importantes sobre a Natureza e como viver com a Criação que nos cerca.
 
Por fim, eu fico pensando nos legados que se mostram por construções. O que podemos falar de São Paulo frente a grande mudança arquitetônica que ela passa? O centro mostra História e me faz pensar sempre que vou ali em José de Anchieta com os índios e São Paulo nascendo... e fico pensando nos meus bisavós andando naquelas ruas e talvez usando aqueles prédios... É disso que somos feitos... de passos e de estadas...
Pietra

sexta-feira, 10 de junho de 2011

De envelhecer

Venho pensando nisso esses dias...

Meus avós morreram bem velhinhos. E eu ainda tenho uma avó... porém, eu sei, que alguns dos meus ancestrais não morreram tão velhinhos. Quero dizer, nem sempre nossos ancestrais chegaram a velhice.
E nisso eu fico pensando no tanto de sabedoria, prática e como passavam seus conhecimentos.

Acho que tivemos sorte. Quem aprendeu de sua família, teve sorte... algumas coisas se mantém apenas assim... Porém,  quantas streghe não foram iniciadas por avós, tias ou madrastas muito jovens, sem muita condição de lidar com a coisa simplesmente porque o conhecimento, o veio mágico tinha de ser passado?

E que pulso e comprometimento precisam essas bruxas terem para fazerem seus caminhos acontecerem, dado que muito se deu quando eram tão novas?

E como nós, hoje, temos de nos preparar para passar nosso ofício um dia? Como fazer compreender nossa espiritualidade? Afinal, se alguns de nós romperam com suas famílias, o que impede dos nossos romperem conosco?
E se a magia pula uma geração? Algumas dessas bruxas iniciadas prematuramente aconteceu justamente por isso...

Bom, ficam aqui os pensamentos... e penso que uma das boas coisas que podemos fazer é escrever... registrar... e nos deixar saber quem somos... e um dia, fomos!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Lembrança de infância

Quando eu era pequena, antes de dormir, minha avó me fazia chá. Geralmente, de hortelã... geralmente, com bolacha e manteiga.

Nesse frio é impossível não pensar nisso... no quentinho do chá, com o geladinho do hortelã... E tenho tomado muito chá a noite... pelo sabor, pelo calor...

Que saudades do hortelã da minha avó.

Aqui em casa, o hortelã que ganhamos de uns amigos, está crescendo... e tomando seu lugar. Ontem, coloquei umas folhinhas no chá branco que fiz.

Qual é a bebida mais mágica da sua infância?
Pietra

terça-feira, 7 de junho de 2011

Ancestralidade e educação

Hoje eu estou com meu foco de ancestralidade com uma coisa que eu precisei fazer... trabalho de pós-graduação. Precisamente, um escrito sobre poesia épica.

O que é interessante sobre a poesia épica é que ela começou lá na Grécia, mas se encontra no mundo todo, a todos os tempos. E que a grande coisa dela é seu inicio pela oralidade. Pela falta de registro. Os aedos, os poetas, as tinham de cabeça e não as liam, cantavam. E a poesia, mais do que hoje, era um fonte de entretenimento e, claro, de História.

Através das epopeias, nossos ancestrais falavam dos grandes feitos de seus povos, de seus ancestrais.

Infelizmente, em muito tempo, não tinhamos papel e não havia registro. E ainda mais, quem conseguia ler?

Bom, o tempo passou e até estamos aqui, escrevendo, registrando num meio que nem mais é o papel e que pode ser lido em muitos suportes.

Aprender a ler e escrever é uma coisa relativamente moderna... para mulheres, ainda... vixi... Mas estamos aqui. Falando de grandes poetas... Pessoa, Keats, Byron, Bandeira, Quintana, Homero... Escrevendo sobre o que os nossos muitos ancestrais já sabiam. De palavra cantada, com lira e alaúde, de grandes feitos de seus ancestrais, de tudo aquilo que nos fez sair de Troia e chegar a São Caetano, escrevendo num computador.

Canta, ó, Musa!
Louvadas sejam!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Ancestralidade e cozinha

Ahhhh... é hoje o dia!

Vou fazer uma comida... não uma que é tradicional de casa, mas que eu vou usar uma coisa muito importante: a panela da minha avó.

Essa panela é grande... bem alta... e nela tanta coisa foi feita... feijoada, canja de almoço de Natal, molho de polenta.

Por agora, já fizemos banhos, vinho de jurema.

Agora, somos uma família aqui nessa casa e a minha herança se tornou nossa... e com a panela da minha avó tantas coisas são cozidas juntas. Coisas do que faz uma nova família... coisas que se somam com o tempo.

A isso, brindo!

domingo, 5 de junho de 2011

Ancestralidade e comunicação

Eu sei, eu sei... Eu estou atrasada com o posting. E por isso eu estou escrevendo aqui e pensando de como algumas atividades nos tomam. E por elas, não consegui bater meu texto. Fato é que, nem sempre conseguimos manter a nossa rotina tal e qual todos os dias. Mas, agora. Estou escrevendo um texto do celular.

E estou aqui pensando: e nossos ancestrais? Como faziam? Pois tb tinham questões de tempo e rotina, mas não tinham 3G.

Fico pensando em tempo. No quanto mt gente tinha de esperar dias... Por um telefonema e confiar naquilo, de que estava mesmo tudo bem. Mais pra trás ainda, de como tínhamos de confiar em missivas. Ou em cartas ou em recados.

Como precisamos ser pessoas menos ansiosas e mais calmas. E precisamos dar mais conta dos nossos sentimentos.

E é nessas horas que eu penso: que meus ancestrais me ajudem a me conter e a me fazer entender, via web, via letra ou pela voz.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Ancestrais de prática

Antes de tudo, uma strega é uma mulher sábia, uma curadora... de si e dos seus.

Hoje ou ainda hoje, quando chamamos uma mulher de bruxa, ou de strega, corremos um risco de causar um certo mal-estar, uma vez que, meus ancestrais de sangue vem de uma terra na qual fica o Vaticano.
Ser bruxa, carregar esse título é uma coisa que nossos filhos e netos e talvez bisnetos utilizem com o bom sentido que acreditamos e sentimos... até lá, somos talvez as primeiras que "curtam"  essa coisa toda.
O fato é que existimos e faz tempo. E aí estão nossas ancestrais de prática. Tanto daquelas que conheciam suas cidades, comunidades e ancestrais - sim, porque não? Porquê, afinal, muitas tradições são mantidas assim.
Casa de bruxa
http://norke.deviantart.com/
Tanto as sacerdotisas dos Deuses que hoje cultuamos e que nos ensinam como fazer esse trabalho, compartindo seu conhecimento espiritualmente na lua cheia, quanto as que conheciam as mesmas ervas que nós.
O que eu vejo, em muitos casos, tanto gregos quanto romanos, diferente dos etruscos, por exemplo, é que as mulheres sábias e curadoras, nem sempre eram as mesmas que as sacerdotisas dos nossos muitos Deuses. Já entre os etruscos, os auguri eram tanto curadores quanto sacerdotes.
Eu sinto sim uma diferença em termos de trabalho com a minha ancestralidade. Na minha família, é passado um trabalho de cura espiritual, que foi passado por quem o exercia antes de mim. Fato é que meus ancestrais que ensinaram isso não eram pagãos e não cultuavam os deuses como eu.
No caso do culto aos deuses, me sinto próxima às antigas Pítias e seu trabalho de oráculo em Delfos e peço a elas e Apollo que me inspirem quando vou fazer meu trabalho de oráculo.
E entre esses dois caminhos, estão todos os outros que, ao longo do tempo, rezaram a tantos deuses e santos e que fizeram o seu melhor pela saúde de suas comunidades. É aqui que estamos hoje, como streghe do séc. XXI.

Pietra

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Ancestrais do local, da terra e tudo junto

Igreja Matriz. São Caetano do Sul, SP.
Neste trabalho com os ancestrais a ideia é melhorar a nossa percepção, pois se somos parte de nossos ancestrais, acabamos deixar algumas coisas rolarem por si só e não damos atenção ao que são.

E quero começar com a minha cidade. Aqui temos tanto os ancestrais do local, quanto os de sangue.

São Caetano do Sul é uma cidade pequena, 14km², no ABC paulista e, em alguns lugares, mal sabemos onde a cidade termina e começa a metrópole. É um local de bom IDHU (Índice de Desenvolvimento Humano) e, a maioria dos serviços básicos é bem servido: temos hospitais, escolas, clubes da terceira idade e parecem que as coisas funcionam. E, na minha opinião, o mais legal: São Caetano é muito como uma cidade de interior. Tem praça... tem igreja na praça... tem ruas desertas às 10 da noite... não temos área rural, porém.

E foi aqui que meus avós (todos) resolveram fazer a vida - em um momento ou outro. Ou seja, nasci aqui e, embora muitos da minha família não o tenham, morreram aqui. Resumindo, a nossa família é parte da cidade. O ancestral local se tornou parte do ancestral de sangue. Temos ruas com nossos sobrenomes e pessoas que nos conhecem e que conhecemos desde sempre.  Meu avô trabalhava numa metalúrgica que hoje é hipermercado. O outro, num banco... que só mudou de nome... o banco em si, continua lá. A casa onde meus avós criaram meu pai, está meio mexida. Mas na frente dela ainda tem feira. Na casa onde minha mãe cresceu, temos uma loja de sapatos. Parece certo. Minha mãe adora sapatos. E a cidade muda... como nós.

Assim, eu me orgulho de ser sul-sancaetanense. Sabe quando vc se sente parte daquela estrutura toda? De gostar de andar o centro da cidade... de olhar coisas e dizer: nossa, isso é novo pq aqui era...

Minha avó me contou uma boa história outro dia. Que o prédio que está na frente do meu prédio era um casarão dos Matarazzo... e que quando ela era mais nova - bem mais nova - as pessoas passavam tentando olhar lá dentro para saber como era. Até eu fiquei curiosa de saber como era. =)

Eu moro hoje no mesmo bairro no qual nasci. Eu vivi minha vida toda aqui... sei o hino da cidade. Sei onde ficam as coisas e como elas funcionam. São Caetano do Sul é o que, em inglês, chamamos de home town - cidade lar. É de onde eu vim... é onde eu vivo... A cidade é parte da minha identidade.

Minha percepção é andar no centro e pensar: o quanto será que eles não passaram por aqui? Não fizeram coisas? Encontraram amigos...

Qual a relação que você tem com a sua cidade? Ela também foi dos seus ancestrais?

Pietra

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Agradando aos ancestrais

Eu estava com esse texto engatilhado quando surgiu a proposta do desafio pela Pietra. Então, fica aqui meu texto como mais um ponto de vista dentro do assunto...
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Sábado. Correndo antes de sair para o salão onde estava acontecendo a festa de aniversário do meu filho (tinha ido buscar umas coisinhas esquecidas ara trás). Parei diante do altar dos ancestrais. Desejei tanto que eles estivessem conosco para compartilhar nossa alegria... voltando para o quarto, peguei uma vela colorida e bonita que tinha comprado sem saber bem para o que ia usar, e acendi. Fiz uma breve oração pensando nos ancestrais que não chegaram a conviver com meu pequeno e especialmente com aqueles que conviveram com ele, ainda que de forma breve. Acendi a vela, e sorri.

Em minha memória, se empilham momentos assim. Uma coisa que aprendi sobre honrar e celebrar os ancestrais é que independente de religião, algumas coisas são quase sempre presentes:

* Uma forte sensação de que mesmo mortos, ainda somos parte da mesma família. Nossos ancestrais, nossos mortos, dividem conosco uma história, e são presentes em nossas vidas - como um dia nós seremos na vida de outras gerações.

*Comer é uma atividade que nos lembra quem somos, e por consequência, quem são nossos ancestrais. Festejar ou fazer um mero almoço cotidiano são igualmente momentos em que nossos mortos queridos podem ser lembrados. Comida é a oferta mais comum aos ancestrais, em todo o mundo.

*Contar histórias, olhar fotografias, ouvir nossos velhos e ensinar o que descobrimos aos que se interessarem em ouvir, é tão importante quanto rezas e rituais. De certa forma, isso são rituais.

Meu altar dos ancestrais é o que minha avó chamaria de barafunda. Nele se misturam devoções e lembranças para os ancestrais da família, os espíritos do caminho que trilho, do lugar onde moro, para os lares e outras deidades domésticas. Ao que parece, as medalhinhas de santos católicos e as imagens de Lares romanos parecem conviver bem, e eu tento ser "ecumênica" quando diante daquele altar. Ali, não importa os deuses que eu cultuo ou o deus da minha avó. Ali, as coisas são entre nós, entre os espíritos e eu. É uma conversa de cozinha, de pé do fogo.

Existem sim festivais em que a coisa é entre eu, os deuses e os mortos. Mas ai é outra conversa. Um, porque não se trata de um ancestral específico, e outro, que as vezes pedimos aos deuses por pessoas que são de outras fés, sem ofensa alguma e com todo o respeito por essas pessoas.

Mas no dia a dia, fora desses festivais ou excessões, o meu culto aos ancestrais, minha devoção a eles, se dá com comidinhas oferecidas, um café, uma cantiga relembrada. Uma velinha ou um incenso gostoso, e uma sensação quase infantil de poder pedir colo para a avó. Sempre que tem um evento importante na família, que alguém nasceu, morreu, fez aniversário, se formou, arranjou namorado, casou, parar ali para lembra-los, acender uma vela, ou dividir um cupcake, para que eles façam parte daquele momento.

Sempre, é essa sensação de dizer a eles: "Vocês fazem parte da minha vida, de quem eu sou hoje e eu sou grata por isso."

Quando eu canto A Estrela Dalva pro meu filho ou quando faço mingau de maizena, quando aprendo a me pentear como minha bisa ou converso sobre o passado da minha cidade, eu gosto de deixar uma ofertinha para os ancestrais, os meus, os deste lugar. Porque é bom. Não é uma obrigação. É um prazer de compartilhar com aqueles que vieram antes de nós.




(fotos-museu ferroviário de jundiaí)

terça-feira, 31 de maio de 2011

Eclipse de 1o. de junho

Fico pensando o que os nossos ancestrais pensavam dessa coisa de "noite no meio do dia". Devia ser bem assustador mesmo.
 
O eclipse solar que, infelizmente, não será visível no Brasil, é um momento de encontro, de Sol e de Lua. Uma oposição... uma sobreposição estelar de forças opostas complementares. É a Luz e a Sombra... é o fazer da sombra ante a luz.
 
Eu me lembro, há muitos anos atrás, pelo menos uns 15 anos atrás, de ver esse fenômeno ao vivo e em cores. E me lembro que as cores eram diferentes, bem estranhas para falar a verdade. Era uma época que eu tinha começado a pensar em bruxaria e nessas relações, mas, de tudo no mundo, eu sabia que, se pudesse - e matei aula pra isso, deveria ficar ali embaixo curtindo aquele dia sombroso. Foram alguns poucos momentos, mas eu juro, tudo ficou cinza. Mas não era como a noite... era como estar dentro de uma sombra, dessas que a gente projeta no chão caminhando, ao entardecer.
 
Eu não sei precisar bem que vantagem eu tive quando fiz isso... talvez a única que seja tenha sido essa memória mágica de um dia sombroso. E me lembro de não ter medo nenhum, mas um sentimento imenso de atração. E de querer estar ali. Quero muito poder ver mais um eclipse solar como aquele para ter certeza que minha mente não está me enganando.
 
E talvez, por conta dessa memória tão sombrosa, eu não tenho um sentimento de que o eclipse traga algo necessariamente agourento ou difícil. Acho que o que ele representa em si é um tanto difícil de lidar. O tal lance sombroso.
 
Sombra é, para Jung, um lado da nossa personalidade que fica guardado pela nosso dificuldade, senão repulsa, de lidar com ela. A boa sombra, como ela também existe, por outro lado, são virtudes que temos que talvez achemos que não as merecemos ou que não estão num grau de reconhecimento. O fato é que enxergamos essas sombras em outras pessoas... o que se chama projeção. E penso que, o eclipse de 1o. de junho seja exatamente isso: uma versão física e real de ver as sombras se projetando.
 
Bom, sol e lua falam muito a quem tem uma espiritualidade voltada para a Natureza, como é o caso da Bruxaria Italiana. Sol que ilumina, aquece, faz as plantas crescerem e os frutos madurarem. Lua que regula marés, sentimentos e traz os sonhos... nos esconde em sombras ou mostra o caminho na noite. O que fazemos quando o Sol brilhante se encontra com a Lua e ambos se mostram, criando uma mistura que é sombrosa? Ou seja, nem é totalmente escura nem totalmente clara?
 
É o ideal da mistura... é o estado de equilibrio onde os véus do inconsciente e do consciente se encontram para um chá. É o colocar mais claridade naquilo que pode nos parecer mágico demais ou misterioso demais. É abrandar os laços de uma realidade dada e poder compreender com sentimentos e emoções o que passamos, sentimos e, principalmente, somos.
 
Claro que o dia se tornar sombroso deveria ser muito assustador. Claro que olhar a sombra, viver com ela não é simples. Mas não é uma coisa de tempo todo... mas quando o é, nos toma.
 
Pietra

domingo, 29 de maio de 2011

Ancestrais 2

Com o desafio Vivendo a Ancestralidade em mente, pensei em escrever um tanto sobre ancestrais e ancestralidade, porque o assunto é longo, complexo e fascinante.

Em 2007, a Sarah Filhote de Lua já fez um escrito... e falava como muitos tendem a idealizar seus ancestrais e acabam por deixar de lado coisas deles que estão, intrinsecamente, dentro de si... Também fizemos outros vários textos falando de sentimentos, experiências e até palestras... 

Ancestralidade é um veio de tradições, práticas e significados que corre um espaço e tempo e que deixa determinadas marcas em um grupo. Falamos aqui de pessoas e lugares. Literalmente. É a ancestralidade que permite que hábitos, crenças e manifestações não morram, não se percam.

Houve um tempo no qual as culturas e povos se estabeleceram e os grupos humanos começaram a perceber suas diferenças, características próprias, necessidades. Língua, como sua terra se comporta... e como o grupo que ali vive lida com isso.

Ancestralidade se firma ali, em tempos remotos e vem junto com as gerações. Claro que coisas passam, se modernizam, outras morrem ou se transformam. Porém é a ancestralidade e seu sentimento que faz com o que o Brasil seja Brasil em seus milhões de manifestações de vários "Brasis". E o mesmo se faz Itália ser Itália entre as mts Itálias... e assim vamos para todos os povos. Nativos, colonos, ex-escravos... todos temos algo, um sentimento, um verdadeiro espírito para nos reportarmos.

Esse espírito, porém não é único e acabado. Ele tem algumas nuances. E todas elas tocam e dão os detalhes da nossa prática espiritual e da nossa constituição como pessoas. E aqui, geralmente eu penso que tudo é uma coisa só: a espiritualidade de uma pessoa é a sua forma de ser e de viver.

Ancestrais de sangue: são a nossa primeira parte, pois somos carne e sangue de alguém... que também o é de alguém e assim vamos, desde que o mundo é mundo. Geralmente é desses que herdamos nossos traços físicos, hábitos, crenças... porque é na família que temos o nosso primeiro centro de convivência com outras pessoas. E cada família é um universo, tem seus valores, princípios e fazeres. Embora seja a nossa base, nem sempre é daqui que vem a herança espiritual. Pode ser, mas, em alguns casos, algumas pessoas resolvem não seguir a espiritualidade dos pais. Mas, ainda e de tudo, muitas formas de fazer coisas residem aqui.

Ancestrais da terra: sob o grande corpo de Gaia, muitos grupos humanos viveram e vivem. Alguns até perdidos no tempo, quem nem vamos saber seus nomes, suas línguas, seus hábitos. Outros porém, são marcas muito importantes. Tanto que conseguimos falar de distinções entre brasileiros e argentinos... de italianos e irlandeses... e por mais engraçado que seja, conseguimos, observando e vivendo juntos, ver muitas semelhanças. Os ancestrais da terra são todos aqueles que vivem ou viveram onde estamos, onde nascemos ou onde moramos. Quando a Sarah fala sobre os espíritos do local, é uma parte do que estamos falando, pois quem viveu aqui antes de nós tem um conhecimento mais amplo da terra e de seus movimentos do que nós. Seja aqui no Brasil, seja lá na Itália. Portanto, quando chegamos num novo lugar, pq não conhecer seus espíritos e seus ancestrais e honrá-los? Porque certamente, farão, de alguma forma, parte da nossa experiência de vida. Tal qual aqueles que já convivemos.

Ancestrais de prática: são todos aqueles que andaram em nosso caminho de prática e espiritualidade antes de nós. Acredito que, quando algumas streghe fazem louvação a Aradia, por exemplo, tem esse sentimento e esse pensamento: de quem já foi bruxo antes de nós. 

Deuses Lares: deuses romanos que são a essência da casa e que guardam os espiritos dos Ancestrais. Com Vesta, fazem a casa estar protegida, cuidada e quente. São honrados com oferendas de alimentos, com fogo, incenso e flores. O Altar aos Lares, o Lararium era um ponto central numa casa romana. O fogo de Vesta não se apagava e mantinha o lar e seu sentimento de vida.

As pessoas são diamantes de muitas faces brilhantes. Talvez umas sejam maiores ou mais bem polidas que as outras, mas, decididamente, todas estão ali.

Então, no dia 1o. de junho, vamos nos contituir, observar e honrar todas essas faces desses espíritos que fazem de nós o que somos. Se aprendemos os nossos caminhos, eles vem de algum lugar; se fazemos uma cura, é pq ela tem de onde vir; quando fazemos nosso trabalho espiritual, não estamos sós... nem sem Deuses, nem sem ancestrais... nós, humanos e viventes e bruxos somos algo; algo entre nossos Deuses e nossos ancestrais.

Pietra

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Desafio: Vivenciando a Ancestralidade

Um desafio de lua a lua.
 
Por algum motivo, ando muito inspirada pelos meus ancestrais. E, não tem jeito de não pensar o óbvio: se não fosse por eles, não estaríamos aqui. Claro que tem todo um lance de família ou de comunidade - de formação de visão de mundo e mesmo, de uma parte do nosso caratér, crenças etc.
 
Então, como compreender a nossa família, seus hábitos e o por quê muitas coisas se deram e se desenvolveram entre nós, quero lança um desafio... de atenção, percepção e reverência. Um trabalho para ser feito de uma lua a outra, igual, ou seja, 28 dias, começando na próxima lua nova, dia 1o. de junho. O desafio é, nesses 28 dias, conscientemente, reverenciar, honrar, vivenciar, experimentar e refletir sobre sua ancestralidade, seu modo de vida, o que os fez o que foram e o que você é.
 
Para ajudar no desafio, farei também alguns prompts que ajudam na reflexão.
 
O objetivo é, nesse tempo, melhorar nosso entendimento e o nosso contato com nossos ancestrais: de Terra, de sangue, de espiritualidade. E ajudar a construir em si um senso de continuidade. Mesmo que seus ancestrais não tivessem a mesma espiritualidade que você, a Terra que está sob nossos pés e a Lua sobre nossas cabeças têm muito a ensinar. A terra de onde sua família vem, mostra traços sobre você que talvez nem perceba. Muitos já fizeram os mesmos trabalhos espirituais que você e uma egrégora se constrói e se solidifica.
 
Conhecer, reverenciar e saber onde e como seguimos os caminhos dos antigos nos permite exercer uma espiritualidade e uma vida mais saudáveis, responsáveis e plenas.
 
Começamos dia 1o. de junho. Quem vem?
Pietra

terça-feira, 24 de maio de 2011

Deusa

Bendita! Bendita! Bendita!
Louvada, Venere!
Linda, Afrodite!
És de tudo, um grande Mar, vários passos de rosas... 

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Os espíritos da cidade

Eu ia escrever sobre isso no Depois da Dança, que o blog da minha prática religiosa. Mas por muitas razões, embora eu ache que ainda deva escrever lá sobre isso, acho que é um ponto interessante para explorar aqui.

A própria natureza da palavra neopagão faz com que as pessoas associem a bruxaria e os caminhos ligados ao politeísmo com o campo e a natureza. E eu percebo que muita gente acaba renegando a possibilidade de que a cidade tem sua própria magia.

Poucos dias atrás, estávamos em Paranapiacaba para a 8ª Convenção de Bruxas e Magos. Um lugar plural e múltiplo onde se encontra de tudo e que eu gosto muito de ir. Mais do que só as palestras, círculos e workshops, existe a vila. A vila pulsa com uma alma muito própria. A história de Paranapiacaba, sua insistência em não se deixar morrer, as paixões que a vila inspira, não me permitem esquecer que ela tem uma alma muito forte. Embora esteja no meio da serra, existe uma urbanidade intensa ali, uma pulsação da visão que se tinha de como deveria ser uma cidade.

Existe um conceito romano que é o Genius Loci. O espírito do lugar. Um deus local que está ligado a um lugar, protegendo e zelando por ele. Tanto para gregos como para romanos (assim como para muitas religiosidades orientais), todo lugar tem um espírito. E como lidamos com esse espírito?

No antigo culto romano, havia oferendas e espaço nos altares para os Genii. E no nosso ofício de bruxaria, se queremos estar em paz com o nosso lugar, é bom ter algum carinho para esses gênios. Pense bem: por mais que sua cidade não seja exatamente aquilo que você gostaria, ela tem uma identidade e te provê pelo menos um teto. Sua casa tem uma atmosfera própria e com o tempo, você consegue reconhecer um pouco da identidade dela.

Se ficarmos só pensando em como é boa a vida no campo (uma ideia que surgiu quando um imperador romano pagou um poeta para escrever sobre isso para que o êxodo rural diminuisse, aliás), muitas vezes acabamos desrespeitando o Genius Loci da nossa cidade, que está lá, fazendo das tripas coração para que essa coisa toda não desmorone. Diferentes dos Lare, que estão ligados às famílias e as pessoas, estes são espíritos ligados aos locais.

Conheça um pouco da história da sua cidade, do seu bairro. Observe a arquitetura, as praças ou parques. As estátuas que as vezes se escondem atropeladas pela urbanização. As vezes, muita coisa que pedimos para s deuses são pequenas coisas em que essas deidades locais poderiam ter uma presença muito mais marcante, por serem as vezes parte envolvida no assunto. Está precisando proteger a porta da sua casa? O Genius Loci dela com certeza está interessado que essa proteção dê certo, porque não convida-lo gentilmente a te ajudar?

Quando olhamos o lugar onde vivemos e trabalhamos como algo vivo, nosso ofício de bruxas ganha em intensidade.

imagem: Genius Loci, Charles Mills Gayley, The Classic Myths in English Literature and in Art (Boston: Ginn and Company, 1893)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Uns pensamentos de strega

Hoje me caiu a ficha bem direitinho do que é uma pessoa que espalha a jettatura, o mal olhado, o encanto (ser malfazejo pelos olhos e pensamentos). Demorou, mas os Deuses mostraram - eita, Hermes!

Então, eu fico aqui pensando e aceito mts opiniões para pensar... Será que nos atraímos ao encantador ou ele que nos toma e a nossa percepção é o que nos desperta?

Com um galho de arruda, pimenta e sorveira,
Pietra

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Convite! IV Encontro do Sagrado Feminino

Vamos?

Domingo agora, dia 22 de maio, ofereço, no evento IV Encontro do Sagrado Feminino, o workshop: ESPIRITUALIDADE & AUTOCONHECIMENTO.
Uma atividade para conversar sobre o que é espiritualidade saudável e responsável, que nos ajuda a nos conhecer profundamente e, assim, chegar ao Divino.
O evento acontece sábado e domingo na Cirandda da Lua, na Vila Mariana - dias 21 e 22. Ainda teremos atividades com Monika von Koss, Tânia Gori, Lua Serena, Léo Artese, entre outros.
Informações, programação completa do evento e inscrições:

terça-feira, 10 de maio de 2011

Why Italians love to talk about food? Veneto e azeite

A região do Veneto é mais conhecida. É onde fica a linda e misteriosa cidade de Veneza... onde os Carnavais mais famosos da Itállia acontecem e onde se respira o Renascentismo.

Quando Elena, a autora do livro, começa a falar da região, sentimos um cheiro que é muito comum no Brasil na época de Semana Santa: o bacalhau, lá chamado baccalá.  Nota curiosa em relação ao cheiro é que, em épocas medievais, era proibido trocar a água do bacalhau mais de uma vez por dia dado o cheiro e uma vez que a água era jogada na rua.

Já em Veneza, a coisa é um tanto diferente (ah, vá?) e as vedetes do lugar são outros frutos do mar... como mariscos, siris e alguns peixes. Até as lagostas, que são importadas, aparecem por ali.

Uma outra especialidade do Veneto são as alcachofras. E são produzidas e colhidas de formas diferentes, dando então, pratos muito diferentes... da pequena alcachofra, da primeira floragem, chamada canarini, até as grandes alcachofras da última florada da planta. Elas podem ser feitas fritas ou com molhos diversos.

Sabe quem também nasceu no Veneto? O famoso carpaccio, nomeado em homenagem ao pintor Vittore Carpaccio. A carne crua congelada para ser cortada bem fininha começou a ser feita para uma senhora que precisava curar uma anemia. E com o tempo, ganhou popularidade, diferentes molhos e carpaccio se torna uma forma de fazer, um jeito de preparo, indo além do prato em si.

Do azeite, temos um universo fascinante! E imenso... e raro! A maioria das regiões da Itália produz seu azeite, porém a forma de fabricação e assim, sua qualidade, faz com determinados azeites sejam extremamente raros e caros, como o da Ligúria.

A tradição do azeite veio dos romanos, e com eles, veio dos gregos. O azeite tem muitas propriedades que o fizerem desde a antiguidade um ingrediente desejável nas casas e na culinária, pelas suas propriedade curativas e de longevidade. O azeite faz parte de rituais e consiste em mitos e em culto a diferentes deuses, proeminentemente, Athena.

"Onde então este óleo é cantado em mitos, tão exaltado e celebrado: o ideal, o autêntico, o óleo tão precioso?
Fica no imaginário coletivo. Nas nossas considerações dos produtos típicos das regiões da Itália, celebramos com muita realidade o azeite, que também reina no consciente daqueles que consomem o "néctar das azeitonas": a ideia de um óleo genuíno, doador de vida, uma linfa natural  que nutre as pessoas, atrelado à fundação espiritual da vida. O ritual do uso do azeite é muito próximo dos sacramentos religiosos, pois o óleo de unção e o azeite são o mesmo. Na hora do jantar, em todas as mesas na Itália, deixando de lado qualquer que seja o rótulo que a garrafa tenha, há um tanto do óleo cerimonial , uma fonte de imortalidade". (p. 33)

Não dá um monte de ideias para oferendas para nossos ancestrais?
E mais ainda, uma noção de como mantemos ou podemos manter tradições? Stregoneria está na cozinha =)

Esses postings estão cada vez mais saborosos! Para comprar o livro, clique aqui!
Bacci per tutti!
Pietra

domingo, 8 de maio de 2011

Why Italians love to talk about food? Lomabardia

Continuando o passeio pela Itália através de sua cozinha, chegamos a minha amada Lombardia! De Mantua, no vale do rio Pó, minha famiglia, ou parte dela, o sobrenome que eu carrego, vem!

Ler o capítulo do livro Why Italians love to talk about food sobre a cozinha lombarda me fez encontrar coisas que: 1- eu amo! 2 - eu vi coisas que minha avó fazia em casa e todos gostavam. Confesso que me emocionei muito.

A capital da Lombardia é Milão e diz-se que lá as pessoas são como os paulistanos - não param e vivem stressados (e digo isso pq trabalho na capital e vejo o ritmo que as coisas se dão). Então, para os lombardos comidas que se possam apreciar com tempo e tradição.

Uma cultura comum na Lombardia é o arroz. E com ele, saem dos deliciosos risotti. Diferentes tipos de arroz, combinações possíveis... Além do arroz, a comida lombarda inclui lentilhas, que são conhecidas pelos dons mágicos de vida e morte; o pão de aveia que é comido no dia de São Jorge (morri) para garantir boas colheitas para a próxima estação; as frutas tradicionais são as maçãs, melões e as peras (de Mantova - morri2); lá também se comem rãs, salmão, truta, repollho em sopa, polenta, osso bucco... os queijos são o Bitto e a Gorgonzola.

E sabe o tal bife a milanesa que gostamos tanto aqui no Brasil? Sim, ele existe! Cotoletta alla milanese é originalmente um corte de vitela passada no ovo e, em seguida, em migalhas de pão. Ok, mudamos um pouco aqui no Brasil, mas eu acho impossível não amar e saber que a coisa toda pode ser uma oferenda aos meus ancestrais!!

Por fim, a comida lombarda é rica e deliciosa... e convido a quem quiser a experimentar uma das coisas que eu via sempre meu avô fazer - e, de cara, eu julgava estranho - e é delicioso: a sopa com vinho. No livro, Elena Kostioukovitch escreve:
"um caldo de vinho (bev'r in vin), inventado na cidade de Mantova, é servido algumas vezes como aperitivo (geralmente, o vinho colocado é o Lambrusco importado da adjacente Emilia Romagna). De acordo com o ritual, esse caldo de vinho era tomado antes do jantar, em frente a lareira." p. 58, tradução livre minha.

Eu estou aqui tomada em pensamentos e emoções de como muitas coisas que eu gosto vem de ancestralidade e como podemos compartilhar, em plano físico e espiritual, essa comida e comunidade absolutamente mágicas!

Pietra, a mantovana

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Convite! Convenção de Bruxas e Magos

Mais um ano nos reunimos na gostosa vila de Paranapiacaba. E lá, diversas correntes de espiritualidade e de práticas... Terapias, danças, Bruxaria, Tarot, Druidismo, Xamanismo... todos se encontram e comungam do fim-de-semana da sexta-feira 13, de maio! Acredito que essa é o grande espírito da Convenção: congregar.
Nas minhas atividades de Stregoneria e Tarot, vamos ter a palestra Tarot: um instrumento de Bruxaria, para conversarmos sobre como o tarot pode nos ser útil enquanto estamos aconselhando, purificando e curando a nossa comunidade.

Com o tarot, acontecem DOIS encontros do Chá de Tarot, ambos a tarde!

E, além da strega, teremos atividades de Xamanismo com Sthan Xannia, Léo Artese e de Xamanismo e Druidismo com Marcos Reis. Raquel Frota nos falará sobre Chakras; Edu Scarfon fará um ritual a Deméter; Daniel Atalla fala ta,mbém sobre tarot... e muitas coisas mais!

Para ver toda a programação, dê um pulo no site da Casa de Bruxa: http://www.casadebruxa.com.br

Espero ver a todos semana que vem! =)
Pietra

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Why Italians love to talk about food? Friuli e a sagra

A primeira região explorada no livro Why Italians love to talk about food é Friuli Venezia Giulia.

O nome da região varia de forum Julii, a região é uma de influências eslavas dada a sua posição geográfica. E, antes da grande fama de Veneza, Aquileia era a grande cidade da região. Ali moraram muitos povos de diferentes locais e etinias até que a Itália se unisse como uma República.

Dada a localização de Aquileia, os pântanos e regiões afins foram as formadoras das tradições culinárias com pratos com rãs, enguias, siris e alguns peixes. Quando Veneza passou a cumprir o papel de grande cidade, os costumes mudaram um tanto e algumas novas tradições passaram a se desenvolver no Friuli. E por conta dos invernos tão rigorosos do local, a carne de porco ganha importância.

A bebida típica do Friuli é a grappa. E com ela, o costume do tajut, a pequena bebida, bebidinha. Quando os trabalhadores se juntam em bares ou restaurantes com mesas na rua para tomarem um tantinho de grappa, conversar e voltar ao trabalho.

Um dos pratos principais do Friuli são a polenta - famosa na época medieval, famosa hoje e agora, sempre servida de um tanto de carne. Na verdade, o milho, o presente do Novo Mundo, é creditado como salvador de muitas vidas, por sua fácil cultura e pelos seus produtos, preponderantemente, a polenta.

Além dela, temos carne de lebre, carne de porco, siri, batatas, nabos, feijões preparados, quase sempre,  com óleo, sal e alho. Os queijos são o Tabor e o Montasio. E a sobremesa típica, a Gubana, um bolo enroladinho, recheado com uvas-passas).

A sagra, que deriva da palavra latina sacrum, sagrado, é uma comemoração, uma honra, uma homenagem. Muitas vezes ela toma sim a forma de um culto a um santo, uma festa dedicada a uma deidade, mas o principal delas é a comida servida em cada uma das sagre. Ela vem de festivais da Roma antiga que celebravam a comida e o ato de comer. Com a cristianianização da Itália, as festividades ganharam santos patronos e com o tempo, agora na contemporaneidade, ganharam inclusive um tom de arena política e ideológica.

Algumas sagre curiosas e interessante para nós, streghe, são: dos pêssegos, feita em Canale, Piemonte; do leite, Truccazzano, Lombardia; das olivas, em Povve del Grappa, Veneto; das raízes, em Soncino, Lombardia... entre muitas outras. Vamos comemorar???

Já está com água na boca?
A próxima é sobre o Veneto.
Baci per tutti!
Pietra

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Quer saber?

Estou agora, Eremita, repensando se algumas coisas de nossas espiritualidade e de nossas lanternas devem iluminar o público.

Sim, estou sendo parcial.
Sorry... 3 de espadas põe a gente para pensar.
Pietra

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Why Italians love to talk about food?

Um passeio na Livraria Cultura sempre é profícuo. E andando pela loja de Arte, eu encontrei essa preciosidade. Não é um livro de receitas, mas um passeio por todas as regiões da Itália e suas comidas típicas. Junto com isso, as bebidas e tudo que está relacionado com a comida local, ou seja, toda a cultura. Ser descendente de italiano mostra várias coisas, uma delas, como a comida é importante e como essa coisa cotidiana é também ritual, mágica e nutridora de conversas e de um modo de vida. 

A Itália é um país recente. Porém suas heranças de cidades-estado e principados e mesmo de embates de território contam muito sobre pessoas, lugares, cultos, ritos e entendimentos diferentes. Embora seja bem menor, a Itália é muitas Itálias, como o Brasil, imenso e continental, é muitos Brasis.

Voltando em uma conversa de ancestralidade e espiritualidade que aconteceu há pouco, eu vejo que para quem vem dos italianos - e quem vem de outros povos pode dizer isso depois - a magia popular, o fazer mágico das comunidades e das famílias é uma coisa intrínseca e inexorável das pessoas. Ok, umas ligam mais, outras menos, mas percebo que ninguém se surpreende e sempre se sabe quando falamos de benzer contra mallocchio ou contra dores e tristezas. E esse livro faz umas observações nesse sentindo - muitas aliás.

O livro foi escrito por Elena Kostioukovitch, que traduz os livros do Umberto Eco para o inglês. Ela mora na Itália faz 20 anos e observa bem os meios e cultura italianas. E com tudo isso, tem um livro que fala de comida, cultura, costumes, língua, ritos, ou seja, tudo que faz da Itália, Itália.

Eu quero mt mesmo fazer notas aqui no blog sobre o livro e as regiões e suas particularidades... destaque, até agora, para o capítulo do Azeite. 

O livro tem duas palavras iniciais e um prefácio da autora... e todos eles falam de como a Itália é ampla e quiçá, infinita em seus modos - aqueles que nós, streghe, queremos manter aqui em casa.

Umberto Eco é italiano e fala muito da sua terra em seus romances, preponderantemente n'O pêndulo de Foucault, A misteriosa chama da princesa Lohana e O nome da Rosa. E com isso, ele nos fala que um gourmet não é uma pessoa que sabe o que é e como blini; essas são pessoas cujos paladares não foram corrompidos pelo McDonald's - pessoalmente eu penso a mesma coisa... bom bruxo não é aquele que fala dessa ou daquela deidade, essa é só uma pessoa que não foi corrompida pelas espiritualidades que demandam sua alma e seu salário. Bom gourmet sabe procurar e valorizar a boa comida, e, acima de tudo, compreende a experiência cultural que a comida pode ser.

Também fala da diversidade da paisagem da Itália e com isso, a diversidade de tudo que é italiano... Inclusive quando a autora, Elena, entra no capítulo de azeites, é impressionante a diversidade de uma coisa que, para nós corriqueiramente, pode ser tão simples.

Para encerrar esse posting de introdução, algumas palavras da autora sobre a Itália e seus modos; a tradução é minha:
"Examinar a cultura culinária, é uma forma de encontrarmos o entendimento de sua habilidade de inspirar alegria e criar harmonia. Seja na mesa da família, em um restaurante com os amigos ou em uma conferência internacional - seja onde e como for - a comida é uma conversa e uma língua que está ao alcance de todos, que excita a todos, democrática e positiva. (...) 
Como a linguagem, cozinhar abraça e expressa a cultura de quem os pratica; é uma depositária das tradições e identidade de um grupo."

Para comprar esse livro divino, clique aqui!
Pietra

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Enquanto isso, em casa...

a strega olha em volta e pensa qual vai ser a primeira coisa a se fazer... Ela tem roupa para lavar - e um tanto para passar. Uma cozinha para por em ordem. Tem máquina de lavar-prato, mas alguém precisa dizer para a máquina como e quando funcionar. Aliás, sabia que ela usa menos água do que a gente usaria lavando na mão? Ainda tem os bichos para cuidar e um paninho para passar nos móveis.

Melhor começar com os bichos. Tadinhos. Não tem como eles irem lá pegar a ração do pote. Então, a strega limpa tudo, coloca água fresca e oferece a ração. Lá, o gato come a comida da cachorrinha e a cachorrinha come tudo que se der a ela. Uma esfomeada! Talvez porque ela seja muito espoleta... precisa de energia.

Quando ia sair para ajeitar a cozinha, a strega nota que o altar está com a vela apagada. Limpa o local, acende um incenso... sândalo de preferência. Vela de 7 dias para os 12 olimpianos. "Louvados sejam, benditos Olimpianos. Que sua bênção recaia sobre essa casa". E com a fumacinha do incenso, a louça vai para a máquina.

Daí é só cuidar dos detalhezinhos da casa. E pensar na janta. Ao fundo, toca o sinal da grande montadora. "Nossa! Já são 5 horas da tarde! Matilda (a cachorrinha), vamos dobrar a roupa pelo menos? Daqui a pouco temos a janta pra fazer..."

E com o tempo, sai o arroz, a carne, a salada... E a espera, pelo companheiro que divide o jantar, assiste séries na tv.

Vai mais um dia. Hoje ela aprendeu como fica gostoso pimenta do reino no feijão.

"Boa noite, bichos. Que Ártemis proteja vcs... que Héstia nos mantenha bem. Até amanhã'.

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Nossa vida de bruxa na metrópole é diferenciada, aceito. Mas não nos faz menos bruxas. Queríamos viver no interior, mais próxima do mato, vendo todas as estrelas no manto de Nyx? Sim... mas, hoje, somos streghe urbanas.

Pietra, pensando que amanhã é dia de pegar o trem para o trabalho.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Uma entrevista para o blog "Todos os clãs"

Depois de 2 anos, retomei o contato com o blog "Todos os Clãs" e com ele, algumas perguntinhas interessantes sobre Bruxaria e práticas streghe =)

A entrevista também está no podcast "Visão do Luar".

Bjos
Pietra

PS: importante mencionar que essas trocas são importantes pois acreditamos em blogs sem limites, sem fronteiras e com livre-pensar e fazer =)

terça-feira, 19 de abril de 2011

Tarot e ancestralidade italiana 2

Quando a ficha caiu em janeiro, eu dei uma pincelada no assunto.


Agora vamos sentar e pensar no assunto para valer.


Tudo começou com o livro do Robert Place e as pesquisas que ele fez junto ao filósofo Michael Dummet. Dummett dedicou uma parte de seus estudos para as cartas de jogar e, dentre os jogos, encontrou o tarot. E com o tarocchi, nome do jogo na Itália, uma história que muitas vezes é negada frente às várias correntes esotéricas. Segundo Dummett:
"O centenário entre 1730 e 1830 foram os anos do jog de taro florescer; provavelmente não era jogado apenas no norte da Itália, leste da França, Suiça, Alemanha e Império Austro-Hungaro, mas também na Bélgica, Dinamarca, Suécia e mesmo na Rússia. E não apenas eram nesses locais os de mais fãs, mas durante esse tempo, tratava-se de um jogo internacional - foi assim então e é até hoje...." Dummett, Michael (2004). A History of Games Played With the Tarot Pack: The Game of Triumphs, Vol. 1. (tradução minha)


E com esse material super rico, Robert Place desenha um caminho histórico para o tarot e ele nasce onde nasce a minha família: no norte da Itália!


Quando foi buscar a etimologia de Tarot, tarocchi, nada se encontrou. O nome nasceu com o jogo. E isso mostra sua originalidade; há porém, quem diga que tudo começou com o rio Taro, que é um afluente do Rio Pó (que banha a cidade onde meus bisavós nasceram). O que é importante saber sobre o rio Taro é que ao longo de seu percurso, algumas cidades se tornaram centros de produção de papel, e segundo Dummett nada mais importante para a popularização das cartas de tarocchi que o papel. Afinal de contas, com ele, o custo era menor e a forma de fazer mais rápida e simples de transportar.


Dummett encontrou evidencias de que o tarot aparece em relatos escritos a partir de 1440 em Ferrara, It. E era chamado de Carte di Trionfi. E, a partir do jogo, a divinação se seguiu.


Os tarots mais antigos não tinham a mesma padronagem que chamamos de tarot hoje. Aliás, o que existem em comum desde o séc. XV até hoje são os 4 naipes (ouros, copas, espadas, paus - que podem mudar de nome de acordo com o deck), o Louco (ou o Coringa) e algumas das virtudes. O primeiro deck completo que se tem notícia se chama Sola Busca e pode ser encontrado em museus de tarot.


Depois desse nascimento para jogar, as cartas começaram a repetir seus padrões de cartas e de personagens, dando origem ao deck que temos em mão hoje. Cada cidade-estado italiana, na época do Renascimento, fez um padrão de acordo com sua sociedade e entendimento, porém, alguns desses padrões passaram a ser conhecidos amplamente, como o Minchiatti de Florença - que tinha 40 trunfos (arcanos maiores) mais os naipes.


As evidências encontradas na Itália sobre a divinação com as cartas, juntam o tarot à outras formas de oráculo, como a divinação com ossos, que era feita com 56 peças - tal qual os arcanos menores - é aqui que Dummett diz que não encontra a Cabala associada ao tarot, pelo menos em sua origem (e eu, PIETRA, gosto de manter a coisa assim). 


Quando os estudos de Jung floresceram, falavam e falam de símbolos e arquétipos que se repetem durante toda a humanidade, passando entre gerações via inconsciente coletivo. Uma vez que temos os primeiros decks retratando o cotidiano da corte de uma cidade estado, estamos falando de papéis sociais e que se repetem entre pessoas e pelos séculos - e com a modernidade e a contemporaneidade, ganham novos nomes, mas suas essências permanecem. 


O que parece recorrente ao longo de sua história é que o tarot ganha, além de fãs e estudiosos, ganha mulheres que os ilustram, assim, com os anos de Pamela Colman-Smith a Frieda Harrys ou Lisa Hunt, a arte e a mão de homens e mulheres montam essa história de, pelo menos, 500 anos das cartas de jogar e adivinhar nas nossas mãos humanas.


O que é importante ressaltar é que o tarot, o tarocchi, as cartas de jogar são populares na Itália e cresceram e se desenvolveram em diversos países, preponderantemente na Itália e na França; o que acaba por nos afastar um tanto das ideias esotéricas de que o tarot seja um livro dos mortos, ou uma espécie de livro sagrado egípcio ou oriental. 


Eu fiquei pensando muito nisso. De como faz sim, muito sentido e que é muito próprio que eu seja taróloga como strega. E de como é lindo saber que o tarot esteve sim entre os meus ancestrais e que hoje, eu posso, como operadora e estudiosa do oráculo lidar com as mesmas cartas que meus ancestrais jogavam - talvez até, que divinavam. Se pensar pelo lado do inconsciente coletivo, talvez o tarot tenha chegado assim. Se pensar pelo lado da ancestralidade tanto espiritual quanto sanguinea, eu tenho como lidar com isso tudo. E que felicidade! 


Eu sempre tive o sentimento que estar com deck na mão me completa. 
Fazer o trabalho de oráculo, de filha de Apollo via tarot é o complemento perfeito e o fazer exato da minha espiritualidade. É assim que eu posso exercer minha espiritualidade e ser quem eu sou!


Pietra, strega e taróloga 
de onde tudo vem do norte da Itália

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Convite: Noite Mitológica!

Mais uma Noite Mitológica no Faces da Lua!

Em abril, vamos falar sobre Zeus, seus mitos e sua presença magnânima entre nós.

Espero por todos !

Dia 27/04, a partir das 20hs.
Pietra

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Livros não-técnicos diretamente relacionados ao assunto

Hã?
É isso mesmo. Algumas vezes nos deparamos com livros que não tem as palavras "bruxaria", "paganismo", "deuses" e afins na capa, mas que são lições interessantes sobre todos esses assuntos. E nisso, eu tenho 2 para comentar.

Hoje encontrei na biblioteca da escola esse livro simpático aí do lado... como pessoa que já leu o Percy Jackson e ama Deuses Americanos, acho que eu encontrei um caminho no meio - além do fato de achar que Iris deve ser uma deusa muito legal - e mt linda!
Bom, Iris, messenger é um livro de 2007 escrito por Sarah Deming e conta a história de Iris, uma menina de 12 anos que ganha um livro Bulfinch's Mythology e por ele, começa a receber mensagens sobre os deuses e passa a encontrá-los entre os humanos - Poseidon tem um restaurante de frutos do mar numa cidade litorânea da Pensylvannia. Eu ainda não fui muito longe, mas eu acho que é daqueles que a gente lê em uma sentada, sabe? Parece bem legal e a leitura é bem fácil - estou lendo o original - e a trama levinha. O que é bacana é ver, mais uma vez, como os Deuses podem interagir com a gente, como a gente =)

Um outro achado lá da biblioteca da escola é Big Antony and the Magic Ring.  Ele é mais um da série da Strega Nona, escrito pelo Tomie dePaola. E são todos adoráveis e falam muito de folclore italiano e de como a strega trabalha com a comunidade, aprende com seus ancestrais e como nos, streghe, contamos com a magia =) Nesse livro, Strega Nona tem um anel mágico que a transforma numa mulher linda e com ele, ela sai e dança a noite toda na cidade. Assim, Big Antony, que não presta muito atenção nas coisas, pega o anel e vai para a cidade como um moço lindão! Agora, o que acontece quando usamos magia: escondido? Sem saber direito o que estamos fazendo? Então, aprenda com a Strega Nona e com Big Anthony!

Eu amo esses livros... pq nos mostram lições que já sabemos e lembramos... ou lições importantes... ou vivências que gostaríamos de ter... Ler livros ditos infantis ou infanto-juvenis é sempre uma delícia: desanuavia a mente e sempre tem uma coisa legal para lembrar, aprender, ensinar, apreciar...

Boas leituras!
Pietra

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A mulher...

A mulher anda pela cidade. Imersa em tecnologia e afazeres, quem olha de fora pode nem perceber o que se passa. Mas quando abre seu armário no trabalho, os deuses e os espíritos, do lugar e os que cuidam dela, estão ali, honrados, e ela deixa uns wafers  em oferta aos espíritos.

Usa a internet para conhecer mais e ler sobre amigos distantes. E olhando os emails, faz um sinal para afastar o mal olhado quando encontra na caixa uma mensagem de alguém tóxico.

A mulher prepara sua comida e ri enquanto ouve uma piada, mas joga sal no fogo para ver a chama azul e alimentar o fogo, mesmo que ele venha de uma boca de gás. E quando o churrasco de família termina, aproveita as brasase joga um punhado de cevada que chiae solta um cheiro bom enquanto queima.

E com a mesma naturalidade de quem discute um lançamento blockbuster do cinema, ela aproveita a distração geral e veste sua corrente de ferro onde um pingente cheio de pimentas e chifres de vidro vermelho faz lembrar sua força, só para ter certeza de que os pensamentos alheios não vão atingi-la. E fala com o mesmo tom acadêmico dos rumos da educação e da história da bruxaria. 

As vezes, a mulher suspeita um sorriso quando escuta pelas costas alguém comentando "ela também é uma bruxa".

quarta-feira, 30 de março de 2011

Uns pensamentos meus...

e meus, Pietra... talvez, não reflitam o que a Sarah pense...

Esses dias eu venho visto um movimento para lá e para cá que me lembrou muito, muito mesmo os velhos tempos de Orkut quando o povo ficava brigando e respondendo milhares de vezes em comunidades sobre o que acreditavam, pensavam, gostavam, etc... E o clima ficava chato e ninguém mais, ou melhor, eu não tinha mais pique de ficar na comunidade - valendo o mesmo para listas do Yahoo! e afins... Aliás, talvez as coisas tenham saído do escopo das pessoas e perdido popularidade exatamente por conta disso.

Eu penso que os blogs chegaram exatamente para dar uma amainada nesse tipo de coisa... pq? Pq se vc não curte as ideias de quem escreve o blog, vc não o segue. Como quem não curte uma revista, não a compra, ou quem não gosta de um programa, não o assiste. Na minha honesta opinião, simples assim.

O que eu acredito e pratico é que um blog e quem o escreve tem o direito a livre-pensar... E que deve expressar-se. Bom senso e educação são notas, para mim, professora, fundamentais nessa comunicaçao entre blogueiro e leitor.

E quando escrevemos,  claro que nos apoiamos em autores, em teóricos, em artistas, em conceitos, em estudos ou mesmo, em associações e instituições de diversas naturezas e assim tem de ser, afinal de contas, é muito importante conhecer profundamente o que fazemos e como a nossa espiritualidade se desenvolveu ao longo do tempo, entre a humanidade. Porém, não somos, em tese, discípulos dos teóricos... somos praticantes de uma espiritualidade. E a espiritualidade responsável também zela pelo bem estar da comunidade. Isso não significa enterrar os problemas, mas pode significar não se envolver com o que não é da nossa alçada.

Aprendi ao longo do tempo que existe no mundo espaço para tudo. Para o que é lindo e para o que é feio. Para o que consideramos adequado e para o que não suportamos. O mundo é muito diverso e abraça muitas coisas. Coisas que co-existem. Gostemos ou não. Todos têm espaço.

Espiritualidade responsável também bate no tanger de zelar pela lei, pela estética, e pela ética, que como disse uma vez o educador Julio Groppa Aquino, ética deve ser pisciana, ou seja, bem valer pela convivência; e não virginiana, metódica e organizada. Espiritualidade responsável não precisa ser pragmática, mas leve e clara... Definida para quem a pratica.

A terra do vizinho está pobre? A colheita não está farta?
Como vc pode ajudar? E, principalmente, vc pode ajudar?
Se sim, arregace as mangas! Se não, mantenha a sua terra saudável e não entre no caminho do vizinho, afinal, muito ajuda quem não atrapalha, certo?

O blog Stregheria Prática se ocupa de falar de Bruxaria Italiana nos caminhos das streghe que o escrevem: Sarah Filhote de Lua e Pietra... assim, vamos pela nossa verdade, nossos estudos, nossas percepções. Conversamos, conhecemos, aprendemos, compartilhamos. E seguimos nosso caminho. Queiram os Deuses, com Eirene... em paz!

Canja de galinha, prudência e dinheiro no bolso não fazem mal a ninguém!
Pietra

sábado, 26 de março de 2011

Minha torta de maçã de Mercúrio

Feita com a batedeira da minha avó e uma orientação dela, quero crer =)


Receita e mais sobre ela, aqui, no Brux@s na Cozinha!