quinta-feira, 26 de julho de 2007

Éntheos


Quando Roberto Calasso fala, em seu livro As núpcias de Cadmo e Harmonia, sobre as relações de amado e amante, ele fala de uma forma de relacionamento entre homens... entre os mais velhos e os jovens nas acadêmias.


Era um tempo no qual não havia bandeiras ou rótulos... havia papéis sociais nos quais, a medida que cresciam, os homens iam assumindo.


O amante quando tomava o amado para si tornava-se vaso do êxtase de Afrodite e assim, tornava-se éntheos. Isso significa estar cheio de deus.


Eu sinto que esse é aquele momento no qual parece que a nossa pele vai rasgar, que a existência dos Deuses se faz totalmente a mostra nas nossas vidas... Seja da presença emocionante de nossos Ancestrais conosco. Seja pelo jorro de Hades, o grito de Ares, o êxtase de Dionísio ou o "as coisas" de Afrodite... É quando estamos junto com Eles... quando a nossa faísca divina torna-se uma chama.


É uma chuva de pérolas mandada por Afrodite para Ela mesma.


Talvez esse seja o resumo d'A Sacerdotisa: estar éntheos.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Silêncio e Lua Cheia

Todo dia entro nesse blog para ver o quanto a Lua está cheia (no momento que escrevo, ela está em 80%). Sou obrigada a fazer isso desde que esqueci onde guardei minha agenda, que tem as Luas certas. Também entro no blog da Pietra, porque sei que ela coloca a Lua e suas influências astrológicas todo mês.

Espero a mudança das luas com uma certa ansiedade. Principalmente em tempos de ansiedade permanente, como os da semana passada: pouco sono, muito pensamento, preocupação em demasia - sabe como é, coisa de virginiana prestes a embarcar no Inferno Astral e influenciada pelo arcano IX.

Mas aí a Lua Nova passou, a Crescente foi inflando com a luz refletida do Sol e eu fui melhorando. Com a ajuda dos calmantes (fitoterápicos), essa Deusa de muitos rostos parou de me mandar insônia e entrou em acordo com Morpheus.

Falando assim, parece loucura. Ou como dizemos: "se a gente começar a falar tudo o que acontece, iam dizer que somos esquizofrênicas"...

Essa frase faz com que eu pense na música do Depeche Mode, "Enjoy the Silence", que diz que sentimentos são intensos, mas palavras são triviais. (feelings are intense/words are trivial).

Ultimamente - nada... sempre foi assim! -, eu não falo com a Lua. Eu penso Nela. "Words are very unecessary" (DM de novo...) quando estabelecemos esse tipo de conexão. É como quando temos um relacionamento muito próximo de alguém: você não precisa falar, não precisa ficar constrangido com o silêncio. Ela vai enteder, vai saber, vai ouvir esse silêncio e saber o que ele significa.

Espero dia 29, Lua Cheia em Aquário, para silencar de novo diante Dela e deixar que venha mais uma carta...

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Magia Simpática e analogias


Uma das teorias mais aceitas sobre as obras rupestres paleolíticas liga essas pinturas primeiras ao início dos conceitos de magia e religião. Ao invés de serem feitas em locais de fácil acesso e visibilidade, são pinturas que ficam quase sempre escondidas. Acho que o melhor exemplo é a gruta de Lascaux. Lá, temos um corredor estreito, que leva para uma câmara onde touros e bisões correm em torno de nós. A intensidade das pinturas e seu naturalismo são impactantes. Mas porque uma obra de arte tão maravilhosa ficaria em um lugar tão escondido?

As pinturas atuariam como uma forma de “magia simpática”

Simpatia no sentido que fica aqui, vem de semelhança. Assim, por analogia, o pintor ao produzir imagens de animais que precisa caçar no ventre da terra, poderia “invocar” esses animais: pinturas na caverna, novos animais em úteros. Do mesmo modo, ao pintar um caçador ferindo sua caça, podia auxiliar que a caçada real fosse bem sucedida.

Na mesma linha de pensamento, temos a maravilhosa arte dos aborígenes australianos: para eles, o Tempo do Sonho, o tempo em que o mundo foi criado, continua acontecendo, e suas pinturas e esculturas participam na criação do mundo: se pararem de ser feitas, o mundo entrará em colapso.

A magia tradicional tem uma forte referência de magia simpática. Também entra aqui o uso de efígies, imagens para proteger ou causa o mal a uma pessoa: bonecos de barro, tecido, palha ou cabelos, que servem como elemento simpático da pessoa que é representada.

As “simpatias” populares são feitiços simpáticos, Trabalham com analogias, sempre: simpatias de amor usam rosas, mel, nomes escritos, coisas que popularmente são análogas a amor e relacionamentos. Para afastar alguém, rasgam uma foto onde se está junto da pessoa, uma perfeita analogia ou metáfora de afastamento.

Tanto o elemento análogo pode ser um objeto, como uma atitude ou situação. O que importa é que se trace na mente de quem faz o feitiço uma analogia, uma referência clara. A riqueza de elementos nem sempre é necessária, porque uma aliança passada em um fio de cabelo pode representar perfeitamente bem um casamento.

Assim, quando conhecemos esse princípio das analogias, conseguimos enxergar muitos elementos da sabedoria popular com clareza: a tesoura que corta os pesadelos, a vassoura atrás da porta para varrer os indesejados (e posta de ponta cabeça, o que geraria incômodo, como elemento análogo também da pessoa que se quer mandar embora), o espelho que reflete longe as más influências.

E do mesmo modo, quando se precisa de algo, a magia simpática e as analogias vem em nossa prática: os sapatinhos vermelhos que meu filho ganhou ao nascer, o sal que jogo no telhado para afastar a chuva, os símbolos que uso para representar os Deuses, como o machado que para mim é analógico de Diana. Muito mais eficaz que copiar um feitiço que não significa nada para você, é seguir essa trilha, e buscar pela magia simpática e as analogias.

Para uma visita virtual a Gruta de Lascaux, (em francês ou inglês), olhe aqui.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Vassoura


Colocar uma vassoura com o cabo virado
para baixo, atrás da porta, faz visitas
indesejáveis irem embora logo.
A vassoura deve ser guardada na
posição vertical para evitar desgraças.
Crianças que montam em
vassouras serão infelizes.
Varrer a casa à noite expulsa tranqüilidade
e varrer o pé de uma pessoa faz com
que ela nunca se case.

Retirado do Guia dos Curiosos

terça-feira, 17 de julho de 2007

As faces de meuis Pais Divinos


Pensando no culto aos Deuses, fiz dois pequenos textos sobre os epípetos dos meus pais divinos...




Então, fica o convite para conhecerem as Faces de Afrodite e as Faces de Apollo =)

Com o tempo, trabalharemos em mais Deuses!




domingo, 15 de julho de 2007

Tribos de Gaia - nova colunista

Não é segredo para ninguém a minha paixão pelo Tribos de Gaia a tudo que esse projeto e grupo de pessoas se propõe.

Mas, agora eu preciso dizer que estou ainda mais feliz... porque eu tenho a minha primeira "filha" nesse projeto.

Sim, a nossa amada Inês Raven é nossa colunista - e embaixo da foto dela está "convidada por Pietra"...

Mais que uma honra, é um imenso prazer poder compartilhar daquele espaço com gente que, além de saber o que está dizendo, tem o mesmo amor pelos Deuses e pelos Ancestrais que nós...

Inês, seja mt bem vida... Sucesso e Luz, sempre!

Para conferir o texto da Inês, Quem é Aradia, clique aqui!

terça-feira, 3 de julho de 2007

Laverna 2


Laverna é a deusa romana dos ladrões, a que ouve as orações dos que roubam. A Porta Lavernalis (Portão de Laverna) na colina Aventina ganhou seu nome por conta da deusa, e ela tinha um altar naquelas imediações. Ela também tinha uma gruta sagrada na Via Saleria, uma famosa estrada romana que cruzava a "panturillha" da bota da Itália, começando em Roma, seguindo o rio Tiber, cruzando os montes Apeninos até o mar Adriático.

Orginalmente, Laverna era uma deusa do Mundo Inferior para os etruscos, ela se tornou a deusa dos ladrões porque os ladrões operam na escuridão. Seu nome pode derivar tanto de latere (observar para tirar vantagem) ou levare (aliviar - o peso das carteiras e do ouro) e levator (ladrão).

Furina, uma deusa posteriormente associada a Laverna, era originalmente uma antiga deusa etrusca dos ladrões, que reinava sobre a Terra e o escuro. Ela tinha um festival anual chamado Furinalia, sua sacerdotisa, e uma gruta ou templo em Janicullum, um vale do rio Tiber, na margem contrária a Via Saleria. Algumas vezes é confundida com as Fúrias (nome romano das gregas Erínias) pela similaridade dos nomes. Da mesma raíz de Furina, que significa ladrão, vem a palavra "furtivo".

Frase de Laverna: SHHH! Você não está me vendo!"



Fonte: http://www.thaliatook.com/AMGG/laverna.html

Laverna 1

Esse é um texto meu sobre Laverna que fiz logo depois de ler Aradia, o Evangelho das Bruxas em 2002.

Uma das histórias contidas dentro de Aradia, the gospel of the witches é a de Laverna (capítulo XV). Deusa dos ladrões e dos trapaceiros, ela foi mais tarde entendida como uma das figuras que se fundem à Diana. Porém seus mitos antigos são mencionados por Horácio, Plautos e Virgílio. Este último, o poeta magista fala da figura que podia ter corpo ou cabeça, ou ambos ou nenhum. Quem sabe não é dai que nasceram as histórias sem pé nem cabeça? Rs**

Laverna é uma figura interessante e eu a escolhi como uma energia a ser conhecida e trabalhada no ano que vem vindo. Ela era conhecida como uma deidade terrena, isto é, comprometida com seus acólitos e com eles ao seu redor.

O mito segundo segue conta que Laverna tomou de um grande sacerdote e um lorde terras, gado e toda sorte de riquezas. Sempre jurava sob uma parte sua, como a cabeça e seu corpo, que pagaria. Porém deixou-os a míngua. Pois então, eles a levaram a uma corte divina. Quando questionada pelos deuses, Laverna disse em sua defesa (fazendo seu corpo desaparecer): "Como posso pagar tal promessa, se nem corpo possuo?". E fez o mesmo com sua cabeça. Os deuses estouraram em risadas, se divertindo muito com o espírito imprevisível e humorístico da deusa - sem mencionar lógico. No entanto, fizeram com que se apresentasse completamente e com que pagasse suas dividas. E assim foi feito.

Além disso, outras histórias falam de ameaças feitas a Laverna para que desejos e bênçãos fossem concedidos. Também são mencionadas as ofertas de ervas e cartas de baralho feitas para a proteção de crianças desaparecidas e doentes.

Bom, agora alguns se perguntam por que eu escolhi Laverna como inspiração para 2002. Simples: Laverna é uma figura de ética muito própria, a qual se estendia a seus 'fieis' que a adoravam em silêncio numa gruta, aos arredores de Roma. Ela ganhava o respeito daqueles que a acolhiam e embora fosse satírica, mantinha sua palavra: de acordo com seus padrões. Eu penso que a idéias de Laverna, seu culto e sua história nos mostram uma forma particular de lidar com a vida e, principalmente, com os que nos desafiam. Claro que como neopagãos e cidadãos temos de manter palavra e ética - e esta está muito ligada ao nosso íntimo. Ora, deixemos que nossos opositores ouçam o que desejam e seremos capazes de mostrar que as coisas não exatamente o que parecem ou soam: aos ouvidos deles!

Laverna é um símbolo de malícia. Ou melhor: de jogo de cintura - de saber jogar. Não proponho desonestidade, mesmo porque quando foi cobrada pelos deuses Laverna pagou suas dívidas. Responsabilidade é mister para todos. Mas a forma de expor a sua ética, a sua verdade: com seu toque pessoal. Sinceramente, eu acho ótimo chegar para as pessoas com o que elas não esperam!

Que 2002 seja o ano da autenticidade!

Benedizioni di Pax

Pietra
(dichiaroluna@yahoo.com)

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Sendo sacerdotisa no dia-a-dia


Esta lunação fui presenteada com a Sacerdotisa... ela veio pelo arcano 2 do tarot.

Estou encantada com essa carta e estou pensando em como lidar com essa energia de silêncio, sabedoria e inspiração no nosso cotidiano... Ser e estar com as Musas, com as companheiras de Apollo vendo o mundo com mais luz, música, dança...

Quero me inspirar!

Por enquanto, eu me peguei pesquisando, estudando, numa "caverna" escura do meu quarto, sob meu altar aos ancestrais... E de tudo, o melhor sempre: de poder venerar meus deuses, meu Deus Apollo todas as manhãs, gritando: BOM DIA, MEU PAI!

Ao longo da lunação vou pensar melhor sobre tudo isso, claro... mas agora eu posso dizer: os deuses têm me saído pelos poros!