terça-feira, 3 de julho de 2007

Laverna 1

Esse é um texto meu sobre Laverna que fiz logo depois de ler Aradia, o Evangelho das Bruxas em 2002.

Uma das histórias contidas dentro de Aradia, the gospel of the witches é a de Laverna (capítulo XV). Deusa dos ladrões e dos trapaceiros, ela foi mais tarde entendida como uma das figuras que se fundem à Diana. Porém seus mitos antigos são mencionados por Horácio, Plautos e Virgílio. Este último, o poeta magista fala da figura que podia ter corpo ou cabeça, ou ambos ou nenhum. Quem sabe não é dai que nasceram as histórias sem pé nem cabeça? Rs**

Laverna é uma figura interessante e eu a escolhi como uma energia a ser conhecida e trabalhada no ano que vem vindo. Ela era conhecida como uma deidade terrena, isto é, comprometida com seus acólitos e com eles ao seu redor.

O mito segundo segue conta que Laverna tomou de um grande sacerdote e um lorde terras, gado e toda sorte de riquezas. Sempre jurava sob uma parte sua, como a cabeça e seu corpo, que pagaria. Porém deixou-os a míngua. Pois então, eles a levaram a uma corte divina. Quando questionada pelos deuses, Laverna disse em sua defesa (fazendo seu corpo desaparecer): "Como posso pagar tal promessa, se nem corpo possuo?". E fez o mesmo com sua cabeça. Os deuses estouraram em risadas, se divertindo muito com o espírito imprevisível e humorístico da deusa - sem mencionar lógico. No entanto, fizeram com que se apresentasse completamente e com que pagasse suas dividas. E assim foi feito.

Além disso, outras histórias falam de ameaças feitas a Laverna para que desejos e bênçãos fossem concedidos. Também são mencionadas as ofertas de ervas e cartas de baralho feitas para a proteção de crianças desaparecidas e doentes.

Bom, agora alguns se perguntam por que eu escolhi Laverna como inspiração para 2002. Simples: Laverna é uma figura de ética muito própria, a qual se estendia a seus 'fieis' que a adoravam em silêncio numa gruta, aos arredores de Roma. Ela ganhava o respeito daqueles que a acolhiam e embora fosse satírica, mantinha sua palavra: de acordo com seus padrões. Eu penso que a idéias de Laverna, seu culto e sua história nos mostram uma forma particular de lidar com a vida e, principalmente, com os que nos desafiam. Claro que como neopagãos e cidadãos temos de manter palavra e ética - e esta está muito ligada ao nosso íntimo. Ora, deixemos que nossos opositores ouçam o que desejam e seremos capazes de mostrar que as coisas não exatamente o que parecem ou soam: aos ouvidos deles!

Laverna é um símbolo de malícia. Ou melhor: de jogo de cintura - de saber jogar. Não proponho desonestidade, mesmo porque quando foi cobrada pelos deuses Laverna pagou suas dívidas. Responsabilidade é mister para todos. Mas a forma de expor a sua ética, a sua verdade: com seu toque pessoal. Sinceramente, eu acho ótimo chegar para as pessoas com o que elas não esperam!

Que 2002 seja o ano da autenticidade!

Benedizioni di Pax

Pietra
(dichiaroluna@yahoo.com)

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