sexta-feira, 27 de junho de 2008
Dos Deuses e do reconhecimento dos Deuses
Quando se fala de uma divindade, é preciso entender que os atributos e as qualidades que ela rege são só uma parte ínfima de tudo que representa aquela divindade. É preciso analisar muito mais que isso quando se quer compreender de quem se trata uma personalidade divina. Uma lista de palavras é tão pouco, tão pequeno, perto de tudo que Eles são.
Acho que tem outros focos muito centrais, por exemplo:
-filiação/paternidade - quem são os pais e os filhos (se houver) dessa divindade? Através disso vemos a natureza dessa divindade se manifestar. Assim, por exemplo, Leto demonstra sua natureza imanente e celeste quando se pensa que ela é filha do brilho da lua e do arco do céu - portanto, uma substância um bocado sutil. E Apolo carrega os nomes da avó e da prima como epíteto, além de dividir epítetos com a irmã - o que traça uma clara elação entre ele e a família divina a que pertence. Os atributos de Zeus se manifestam em seus filhos, cada filho é desdobramento de uma faceta da personalidade do Pai. E assim vai.
-casamentos - do mesmo jeito, isso também explicita um bocado a natureza divina. Vênus e Marte para mim são o grande exemplo, mas Zeus e Métis é imbatível...
-epítetos Tem Deuses com 200, 300 epítetos, a maioria de significados diferentes. Mesmo Deuses menos conhecidos, tem uma diversidade de epítetos que deixa besta. Assim, a gente tem uma visão de como age aquela divindade, não simplesmente "mar" mas "a que veio pelo mar". Não simplesmente "caçadora", mas "a de flechas imbatíveis", "a Senhora do arco dourado". Não é só poetizar, é destrinchar o significado. O que nos leva a...
-papel dessa divindade nos mitos -muitos epítetos dizem respeito a mitos específicos. Mas além disso, a gente consegue, pelo modo como a divindade age no mito, perceber como ela é. Atena está sempre tramando alguma coisa, Ela pensa em curva, usa artimanhas. Leto é conhecida como a mais gentil, mas apesar disso, metade dos seus mitos é de vingança, o que podemos tirar disso? Zeus é sempre imponente, sem medo, habilidoso e sábio. Cronos é matreiro e soturno. Os mitos explicitam muitas coisas da personalidade dos Deuses.
E tem muito mais. Muito.
Como é possível se contentar com pouco quando se fala daqueles que São? Amplitude é o que Eles nos trazem, e é com amplitude que devemos busca-los. Enormes, eles nos abarcam. Estão acima da mera racionalização. Mas a busca por informação é aquilo que nos tráz a paixão que deve ser sentida.
E lembrar que culto aos Deuses é diferente entre a e b, acima de tudo, porque a e b estão em situações de vida diferentes, em épocas diferentes, com problemas e anseios diferentes, com métrica poética diferente. E não necessariamente que os Deuses sejam totalmente outros, só porque vestem túnica, toga, ou calça jeans.
segunda-feira, 23 de junho de 2008
Palestra: aliança com a deidade
Decidi que falaria sobre aliança com uma deidade, pois é uma experiência muito importante na minha vida. Aliás, uma das mais importantes de alguns anos para cá.
A linha de pensamento nessa palestra, que acabou por se tornar uma conversa, na verdade, foi ir entendo como construímos uma identidade. Nascemos e somos parte de nossos pais. E a medida com que vamos crescendo, vamos criando uma identidade que primeiro é centrada em nós mesmos, e nesse momento, achamos que o mundo é feito de nós para nós. Assim são as crianças. Elas não conseguem ver mt além de si.
Depois, com as várias influências do meio em que vivem, da família, da escola, da cultura e de si, vão construindo pedaços. E muitas vezes isso é super interessante porque é com os pedaços de si que acabamos tendo em uma família palmeirense, por exemplo, a ovelha alvinegra (exatamente no caso da minha família... não imaginamos de onde minha irmã foi tirar o amor pelo Timão). Mas esse processo todo é muito rico, pois mesmo sendo parte de um grupo, passamos a assegurar uma certa individualidade. E a maturidade dessa individualidade nos faz ir para buscas mais profundas... e ai vem a espiritualidade...
Claro que alguns querem seguir os caminhos de seus pais, famílias ou grupos. Mas outros querem outros caminhos, querem se lançar.
Assim, antes de encontrar a deidade, vem a pergunta chave: Quem é você?
No curso que a Inês e a Sarah fizeram estudando a Teogonia de Hesíodo, fora dito que os Deuses escolhem seus favoritos pela capacidade que tem de representar aquela deidade na terra. E ai, mora um ponto vital: vc não escolhe... é escolhido.
Quando nos conhecemos a fundo - e nunca tão a fundo a ponto de dizer que não existe mais a conhecer - vamos vendo esses reflexos divinos em nós. E assim, nos dedicamos a conhecer mitos e de repente, mitos e histórias de uma deidade estão em sua vida. BAM! Esse é o momento.
Nem sempre simples... sempre uma surpresa. Descobrir quem te favorece acarreta uma série de responsabilidades e de compromissos. Os Deuses não nos servem. Nós os servimos. E quanto mais nos abrimos para eles, mais vamos entrando em contato com um plano muito superior ao nosso... vamos aprendendo mais e vamos trazendo um andar honrado para as nossas vidas.
Por fim, conversamos sobre se é possível alguma coisa "te tomar" de assalto a alma. Não acredito nisso... sabe por quê? Porque o controle é seu... tal qual o compromisso... e mais que isso ainda, se tudo tem hora e tem lugar, como um espírito qualquer toma alguém sem permissão? Ok, e os Deuses com isso? Bem, quando os Deuses nos tomam, em seus momentos apropriados, quando são chamados, Eles fazem manifestar uma parte deles... aquela que está dentro de nós. E não existe outro jeito senão com preparação e vontade e compromisso de fazer com isso aconteça de forma harmoniosa.
Deixar manifestar é uma forma de fazê-los vir a Terra... não a única, mas uma delas... Que cada um lide com isso da melhor maneira possível.
E que de qualquer forma, a idéia é deixar claro que quando nos conhecemos, conhecemos aos Deuses!
quinta-feira, 19 de junho de 2008
Um casamento neopagão
Eu, Pietra e mais uma amiga, a Cássia, tivemos a oportunidade de participar de um casamento pagão. Na verdade, nós celebramos a cerimônia. Não foi nada muito complicado, mas foi bem bonito. A noiva era pagã, o noivo noivo não. Mas tanto ele quanto o pai da moça foram super atenciosos com a gente e nos ajudaram muito a prepara tudo.
Demarcamos o círculo com pedras brancas, montamos o altar no meio, colocamos tochas para iluminar em volta. As músicas que a noiva escolheu coincidiram muito bem com a cerimônia toda. Na ocasião, pedimos as bênçãos de Zeus e Hera, o casal divino, e também de Héstia, para abençoar a nova família que eles estão formando. A noiva ainda pediu a amigas para representarem os quatro elementos e trazerem as oferendas para o deuses.
O mais legal disso tudo foi que só nós éramos pagãos ali. O resto das pessoas, entre padrinhos, familiares e convidados, não eram. Nós mostramos um pouquinho - bem pouquinho - do que é esse mundo em que vivemos. E eu tive a oportunidade de poder estar com pessoas que não nos conhecem e não conhecem a nossa prática. Todas foram extremamente respeitosas e algumas vieram perguntar o que era, de onde vínhamos, se tínhamos alguma igreja e como tudo isso surgiu.
Além de poder participar de um momento tão especial para essas pessoas, tivemos a oportunidade de estar com nossos deuses de uma maneira diferente do que faríamos normalmente, e de compartilhar isso com pessoas que nos viram com o véu do respeito - coisa que, infelizmente, nem sempre acontece entre os nossos, que por vezes são céticos e jocosos com a prática dos outros.
Foi uma ocasião muito boa, muito especial. Saímos de lá com uma sensação boa de dever cumprido.
domingo, 15 de junho de 2008
Malocchio, lidando magicamente com o mal olhado
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Santo da família
Hoje é dia de Santo Antônio. Apesar da maioria das pessoas "do nosso meio" estarem pensando na sexta-feira 13, eu estou pensando no santo que acompanha a minha família há três gerações. Meu bisavô, meu avô e minha mãe têm suas histórias com ele. E posso dizer uma coisa: nunca perdemos nada e nunca faltou pão na minha casa.
Tem uma vela acessa na cozinha, ao lado da imagem dele. Tem festa no Pari, na igreja onde meu avô ia, de vez em quando, levar dinheiro para o pão dos pobres. Hoje tem muita gente querendo casar mas, na verdade, Antônio cuida das coisas perdidas.
Quando você perder algo, acenda uma vela para ele. Minha mãe fez isso, funcionou, e desde então ela faz sua trezena (do dia primeiro ao dia 13 de junho). Está certo que menos de um ano depois ela casou - mas isso a gente corta porque é uma parte da história que ela não gosta muito.
Fica minha homenagem a Santo Antônio, meu segundo santo preferido! Mas esse Hermes de batina também tem um papel muito importante na minha mitologia pessoal.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
V Convenção de Bruxas e Magos de Paranapiacaba - indo!
terça-feira, 3 de junho de 2008
Ganhamos um selo!
Seguindo a corrente, passamos para frente indicando três blogs de amigos:
- Desire of the Night: blog do Dark Will, nosso amigo filho de Hécate que sempre escreve sobre mitos e deuses.
- Iberia Eterna: projeto do Everson, sobre Bruxaria Tradicional na Península Ibérica. Uma ótima idéia, numa área que falta informação de qualidade.
- Irmandade da Panela de Barro: como eles mesmos se autodefinem, "um de amigos Bruxos, que mora no estado do Espírito Santo, unidos pelo entusiasmo de divulgar as nossas idéias e opiniões, mostrando que mesmo frente às adversidades que aparecem, toda boa semente sempre encontra terra fertil pra germinar".
Aproveitamos para agradecer o pessoal do jornal, que prestigiou nosso trabalho, mesmo estando lá longe em Teresina!
Um abraço e muito obrigada!