domingo, 14 de março de 2010

Deméter e o Mistério

Quarto post da série sobre culto à Deméter. Para ler os outros posts, clique aqui!

Vista das ruínas do Templo de Deméter e Kore, em Eleusis.
Deméter é uma deusa de mistérios. Seu principal culto, na cidade de Eleusis (que fica próximo a Atenas), era um rito sigiloso, sobre o qual apenas os iniciados podiam falar. Não era permitido que outras pessoas soubessem o que ocorria nos Mistérios de Eleusis.

Segundo Karl Kereny em seu livro “Archetipical Images of Mother And Daughter”, inteiramente dedicado aos mistérios de Deméter e sua filha Kore, o número de iniciados era muito grande. Praticamente toda a Grécia, e uma boa parte de Roma, já havia passado pelos ritos. Porém, as pessoas que não falavam grego eram proibidas de serem iniciadas.

Além dessa regra – ou por causa dela -, não eram permitido que o rito fosse registrado por escrito. Alguns pesquisadores falam que o Hino Homérico a Deméter é uma descrição cifrada do culto, escrita de forma que apenas os iniciados entenderiam suas palavras. Mas não é possível afirmar isso com certeza, porque foram poucas as informações  que chegaram a nós. Muito também se perdeu quando uma invasão, já no período romano, destruiu o templo. Por isso, as pessoas que possuem um interesse no aspecto religioso e ritual nos Mistérios de Eleusis tem uma certa dificuldade para encontrar referências e fazer suas adaptações em cima das poucas informações.

Esse sigilo todo em cima dos mistérios me fez ter uma postura muito rígida sobre o sigilo de meu trabalho com Deméter. Não me permito falar a qualquer pessoa o que faço para a Deusa, como faço e nem por que eu faço. É importante pensar que, no culto dela, o Mistério é uma prerrogativa imprescindível e que é uma maneira de honrá-la. Por isso, não fico confortável com a ideia de ritos abertos para Deméter.

Havia, sim, festivais públicos em honra à Deusa, como a Thesmosphoria grega e a Cerealia romana. Mas enquanto em Eleusis os fieis passavam por um processo de purificação e iniciação, trabalhando o êxtase e a epifania, nos ritos públicos a dinâmica era mais simples.

Portanto, quem está iniciando seu culto a Deméter deve ter em mente que nem tudo poderá ser compartilhado ou conversado. A maioria das coisas que você viver com e para a deusa deverá ser mantida em sigilo, por mais pressão que haja à sua volta para ser revelado. Faça dessa preservação uma oferenda para a Deusa.



Para começar a conhecer Eleusis, leia a reportagem "O que era o culto grego secreto, os Mistérios de Eleusis?", clicando aqui.

Um comentário:

Anônimo disse...

Inês
Obrigado pelo texto!
Eu não tinha idéia da necessidade do sigilo.
Essa era uma característica que eu não tinha percebido.

Beijos
Priscilla
luarluminoso@yahoo.com.br