segunda-feira, 12 de maio de 2008

Da palestra sobre animais e algumas reflexões sobre o assunto...

Este fim de semana tive uma inspiração. Como eu sempre divulgo meus eventos, palestras, cursos e afins, eu dificilmente escrevo um feedback de como foram as coisas, a não ser pelas fotos. E comecei a achar que estava perdendo alguma coisa. Foi então que resolvi sentar-me aqui e escrever um pouco do que rolou e, quem sabe, ampliar a discussão.

Da palestra "Strix a streghe: animais no mito e na realidade das bruxas" tiramos coisas muito interessantes. Aliás, essa palestra ocorreu primeiramente no espaço Viver Alternativo agora em maio e vai se repetir no PNT tb de maio... Ou seja, vai se um mês de palestras animais!

O intuíto dessa palestra era conversar sobre como alguns animais se demonizaram ao longo do processo histórico e como, esses animais que podem parecer tão horríveis ou temerários no senso comum, são realmente divinos e importantes no trabalho mágicko das streghe, strigoi e outras bruxas e pagãos.

Meu foco ficou em três animais muito conhecidos na Itália e nas suas histórias de bruxas: a coruja (strix), o gato e o bode. Todos se tornaram fonte de medo de mal agouro e figuras do mal encarnado e como tudo isso prejudicou, e muito, às populações.

Quando falamos de corujas falamos de animais que olham o escuro, enxergam a noite e assim dão uma idéia de que sabem do que vc esconde de mais secreto. Talvez a coruja olhe dentro da alma. A mesma coruja que é o animal sagrado de Athena e representa conhecimento e sabedoria. O animal da deusa que é filha de Métis (Pensamento) e Zeus (Raio)... Athena e sua coruja assim trazem a clareza de pensamento... E nessa conversa também falamos da Deusa Anciã e como apenas uma coruja é o animal da Trívia. E que isso pode trazer medo... A Anciã pode até levar quem morre, mas, ponderei, não será a Donzela que pode trazer o feitiço, a maldição ou o encatamento para vir a posterior morte? Esse foi um aspecto que mereceria mais um tempo de conversa...

Dos gatos, conversamos sobre os absurdos de se pensar até hoje que o bicho carrega nela o que não presta. Na verdade, eu e a Sarah temos uma idéia muito parecida de quem não gosta de gatos, não reconhece em si e assim, teme, todos os atributos do gato.

Do bode conversamos sobre sua ligação com o Judaísmo e como isso, na Inquisição se tornou um problema bem sério. Tanto que o bicho que era a carne pura tornou-se o diabo...

Por fim, falamos de outros animais e chegamos nas serpentes e como ela acabou por receber a carga maligna... como representante de feminino, de ventre que anda na terra... ventre sobre ventre, ela carrega a transformação que nem todos os seres humanos compreendem. Eu pessoalmente eu não sou muito de serpentes, mas sei que existe um contexto rico ai.

Eu acredito que existe uma coisa importante no sentido dos pontos-de-vista e de como as coisas não podem ser absolutas... quer dizer, por mais que a serpente Python tenha sido um problema, é evidente a importancia das cobras na literatura médica e assim vemos Higéia, neta de Apollo, que matou a Python, carregando uma serpente... pois dali sai o veneno e o remédio...

Animais podem ser símbolos. Como nós ficamos ao interpretá-los? Será que não precisamos de um olhar mais amplo, um olhar mais de coruja para enxergar além de certas convenções sociais, de nosso tempo ou de outros? Como nosso íntimo se relaciona com esses animais? Aqui fica o convite à reflexão...

e domingo que vem, tem mais!

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