A mulher anda pela cidade. Imersa em tecnologia e afazeres, quem olha de fora pode nem perceber o que se passa. Mas quando abre seu armário no trabalho, os deuses e os espíritos, do lugar e os que cuidam dela, estão ali, honrados, e ela deixa uns wafers em oferta aos espíritos.
Usa a internet para conhecer mais e ler sobre amigos distantes. E olhando os emails, faz um sinal para afastar o mal olhado quando encontra na caixa uma mensagem de alguém tóxico.
A mulher prepara sua comida e ri enquanto ouve uma piada, mas joga sal no fogo para ver a chama azul e alimentar o fogo, mesmo que ele venha de uma boca de gás. E quando o churrasco de família termina, aproveita as brasase joga um punhado de cevada que chiae solta um cheiro bom enquanto queima.
E com a mesma naturalidade de quem discute um lançamento blockbuster do cinema, ela aproveita a distração geral e veste sua corrente de ferro onde um pingente cheio de pimentas e chifres de vidro vermelho faz lembrar sua força, só para ter certeza de que os pensamentos alheios não vão atingi-la. E fala com o mesmo tom acadêmico dos rumos da educação e da história da bruxaria.
As vezes, a mulher suspeita um sorriso quando escuta pelas costas alguém comentando "ela também é uma bruxa".
6 comentários:
Belo texto! Me lembrou um livro da Z. Budapest, chamado "A Deusa no escritório"...
já disse que da vontade de chorrar o texto, parece um pouco com minha forma de viver , ah não sou menina,mas vivencio mais ou menos isso ae no texto , amor- vivencia - simplicidade e a magia que esta atras de tudo isso , a maravilha sentida ehehe , em cada sorriso ; Ou em meus conselhos bem recebidos ou em ver a felicidade alheia após um bompó receitado..
Magia pura e simples. É o tipo de bruxa (se é que ainda quero ser uma bruxa) que gostaria de me tornar...
Somos nós... sem dúvida! Amei, Sarah!
AMEI!
Caramba! Você sintetizou nesse texto o que somos. Pelo menos para mim caiu como uma luva! =D
Obrigada por transformar em palavras a vida!
Beijo
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