domingo, 5 de agosto de 2007

Mentiras e ancestrais

Lisa acha que sua família é chata. Principalmente quando ela precisa fazer uma redação sobre sua família e, obviamente, tem que ao mesmo tempo manter seu posto de melhor aluna da escola. O que ela faz? Inventa uma ancestralidade indígena que não existe.

Este é o enredo de mais um episódio de Os Simpson. Pode parecer bizarro, mas mais uma vez eu paro para refletir sobre nossas práticas baseando-me em algo comum.

Ultimamente, tem aparecido um monte de gente que diz que tem ancestralidade bruxa. Já teve até fulano que disse que sua família tem uma linhagem de 300 anos.

Creio que existam família de bruxos. Creio não, existem! E há pessoas maravilhosas que saem dessas família, gente que tem conhecimento e sabedoria para traçar seu caminho e reverenciar seus ancestrais.

Mas quem não tem, porque diz isso? O que acrescenta na minha vida tentar buscar legitimidade em uma família antiqüíssima de bruxas que nunca existiu? Necessidade de ser aprovado pelos outros? Necessidade de se incluir entre os seguidores das chamadas "Bruxaria Tradicional" e "Bruxaria Herediária"?

Faz diferença o que os outros pensam das minhas práticas? Não, não faz... porque o caminho individual, por mais que você o divida com outras pessoas. No final, você está com seus Deuses e seus ancestrais, e é com eles que você vai ter que se virar.

Meus ancestrais ficariam tristes se eu mentisse sobre minha origem, ou se eu aumentasse o que eles realmente foram. Que mal há em ser um vira-lata? Que mal há em ser o primeiro a iniciar um caminho, sem o respaldo dos que vieram antes?

Antes de serem bruxos, católicos, negros, brancos ou qualquer outra coisa, nossos ancestrais são nossa família, nosso sangue, nosso fogo... são aqueles sem os quais não estaríamos aqui. E isso é o mais importante de tudo.


Simpsons vestidos de índio. Do site Blue Comics.

5 comentários:

Flávia Kytanna disse...

Opa, opa, opa, ancestralidade todo mundo tem , afinal viemos de alguém e para mim o fato de conhecer os que vieram antes de mim é super legal, estou descobrindo justamente isso atualente, fico imaginando um dia falando com meus filhos: sabia que sua vó ou vô foi isso e aquilo? Que os tatata e lá se vai foram isso e aquilo?? E que todos eles foram importantes??? Pq se não fossem eles nós não estaríamos aqui!!!

Pra mim isso é a ancestralidade positiva, não essa que muitos pregam buscando um passado pomposo ou de títulos, parece até lance de ver quem vc foi na vida passada, todo mundo já foi da realeza, ninguém foi povão...todo mundo tinha grana, era rico, ninguém foi pobretão...hahahahah

Para aqueles que se gabam ou procuram incessantemente por um parente antigo famoso pagão ou da grande linhagem da bruxaria tão antiga que já foi esquecida, só digo: sinto muito; pq os verdadeiros pagãos ou grandes bruxos antigos eram tudo do povão mesmo, tudo da família Silva de cada país, pois estes eram os que vivenciavam e conheciam a sabedoria da natureza...

Essa mania de ser melhor que o outro em tudo é que estraga o mundo!!!

Anônimo disse...

Olá pessoal!
Raven ( xará, rs ), amei o texto! Sobre esse trecho:

"...Faz diferença o que os outros pensam das minhas práticas? Não, não faz... porque o caminho individual, por mais que você o divida com outras pessoas. No final, você está com seus Deuses e seus ancestrais, e é com eles que você vai ter que se virar..."

Para mim, ISTO é Bruxaria Hereditária, ou Tradicional!

<;)

Ou seja, a nossa relação com as Forças das quais somos feitos, e que carregamos no sangue.......não importa se as conheçamos ou não.....se Bruxos somos, de Bruxos viemos, e há vááááááárias maneiras de se ser Bruxo(a).....as Nonnas e Abuelas Benzedeiras que o digam....

Baccio caríssima!

Inês Barreto disse...

É pessoas, concordo com vcs...

O duro é as pessoas entenderem que espiritualidade se constrói, não é genética.

Beijos e obrigada pelos elogios!

;)

Luciana Onofre disse...

É como coloquei no orkut...um dia, os nossos filhos irão encarar de forma tão natural serem filhos de bruxos, que essa questão de linhagem perdera valor, na dimensão que hoje é vista.
Categorizando: sangue azul ou plebe rude?

Unknown disse...

pS: eu não "quereria" ser filha de Homer Simpson... pobre Lisa... hahahaha

Pi, a que adooora os Simpsons