sábado, 26 de fevereiro de 2011

Valorizar raízes

Depois dessas duas entrevistas, eu fiquei pensando bastante em como diferentes países que passaram por um mesmo processo podem lidar com isso de maneiras diferentes.

A imigração aconteceu no fim do séc. XIX... não tem por onde. Os Deuses e os historiadores sabem que tipos de coisas nossos ancestrais passaram com todo o processo de unificação da Itália. Pobreza, morte, doenças... poucos migraram para a América com alegria, mas certamente com esperança de ter uma vida melhor. Indo para os EUA, foram com a ideia de alcançar o American Way of Life... para o Sul vieram para trabalhar - e muito. A questão principal é que vieram buscando fartura, oportunidade e uma forma melhor de viver. E eu fico aqui pensando na tristeza de deixar sua terra para poder fazer de outra, sua... Sempre que eu ouço as músicas irlandesas sobre imigração, como Spancill Hill, meu coração se parte em um milhão de pedaços, pq eu penso nessa saudade. Porém, quando eu penso que minha família, proposrou aqui, penso que fomos muito abençoados.

A imigração foi um processo de morte. De embarcar num navio para uma terra distante, da qual pouco se sabia. Entrar num barco, andar em águas... da vida ao Hades... e lá, viver em Campos Elísios ou em Tartaros.

Daí, eu fico pensando nas histórias do livro Deuses Americanos, do Neil Gaiman, que fala da vinda dos imigrantes e como eles trouxeram consigo seus Deuses, folclores, conhecimentos e tradições.

Sabe, quando eu passo pelo Memorial do Imigrante, todos os dias, e vejo aquele lugar onde, eu sinto, muito da energia dos nossos ancestrais passou e marcou, sinto uma nostalgia... um que talvez nem seja minha. Mas está ali.

E eu tb fico pensando em como somos privilegiados e felizes aqui. Fazemos nossas coisas ancestrais, sem dúvidas, mas estamos vivendo nossas vidas brasileiras... com feijoada, banho, marronada de domingo e festas de São Cosme e Damião. E acho que aqui devemos valorizar nossas raízes, sejam de onde forem, porque são elas que nos fazem brasileiras e brasileiros... uns que cultuam santos, outros, Deuses Antigos.... que tocam atabaque... que fazem benzimento contra mal-olhado... que tem olhos azuis e cabelos encaracolados. Hoje não precisamos ser caricaturas do que se acredita que seja um português, um italiano, um peruano, um angolano. Não... somos de pés nessa terra... como uma árvore... que também, em si, pode dar frutos que vem das terras de nossos ancestrais. E quem tem mais de uma ascendência, que frutos ricos devem ter...

2 comentários:

Striglae. disse...

Raizes , isso me lembra sabe o que ? A junção de portugueses , com italianos , com espanhois e africanos , juntos todos no meu Dna , que a cada dia eu vejo vivencio e sinto neste corpo , em minha alma , em minhas palavras , meus cabelos cacheados , minha pele parda , meus pés de bolo , não negam a minha raça , o meu povo , tenho orgulho do que sou , da onde vim e peço todos os dias aos Antigos Senhores , Que cada dia meu , neste terra possa ser de benção e sabedoria , que nestas trlhas da vida , Meus ancestrais sempre vivos possam estar comigo em todos os instantes que eu nunca jamais esqueça das minhas raizes.

Striglae. A coruja da noite sombria.

Rô Rezende disse...

Que texto lindo! Não dá para não sentir o saudosismo, mesmo sendo algo que também não vivi. Essa saudade estranha de não sei o quê. Engraçado é que esse post primeiro traz esse saudosismo e, finaliza, com esse orgulho de sermos brasileiros. Obrigada por esse jorro de sentimentos em palavras!