quinta-feira, 2 de junho de 2011

Ancestrais do local, da terra e tudo junto

Igreja Matriz. São Caetano do Sul, SP.
Neste trabalho com os ancestrais a ideia é melhorar a nossa percepção, pois se somos parte de nossos ancestrais, acabamos deixar algumas coisas rolarem por si só e não damos atenção ao que são.

E quero começar com a minha cidade. Aqui temos tanto os ancestrais do local, quanto os de sangue.

São Caetano do Sul é uma cidade pequena, 14km², no ABC paulista e, em alguns lugares, mal sabemos onde a cidade termina e começa a metrópole. É um local de bom IDHU (Índice de Desenvolvimento Humano) e, a maioria dos serviços básicos é bem servido: temos hospitais, escolas, clubes da terceira idade e parecem que as coisas funcionam. E, na minha opinião, o mais legal: São Caetano é muito como uma cidade de interior. Tem praça... tem igreja na praça... tem ruas desertas às 10 da noite... não temos área rural, porém.

E foi aqui que meus avós (todos) resolveram fazer a vida - em um momento ou outro. Ou seja, nasci aqui e, embora muitos da minha família não o tenham, morreram aqui. Resumindo, a nossa família é parte da cidade. O ancestral local se tornou parte do ancestral de sangue. Temos ruas com nossos sobrenomes e pessoas que nos conhecem e que conhecemos desde sempre.  Meu avô trabalhava numa metalúrgica que hoje é hipermercado. O outro, num banco... que só mudou de nome... o banco em si, continua lá. A casa onde meus avós criaram meu pai, está meio mexida. Mas na frente dela ainda tem feira. Na casa onde minha mãe cresceu, temos uma loja de sapatos. Parece certo. Minha mãe adora sapatos. E a cidade muda... como nós.

Assim, eu me orgulho de ser sul-sancaetanense. Sabe quando vc se sente parte daquela estrutura toda? De gostar de andar o centro da cidade... de olhar coisas e dizer: nossa, isso é novo pq aqui era...

Minha avó me contou uma boa história outro dia. Que o prédio que está na frente do meu prédio era um casarão dos Matarazzo... e que quando ela era mais nova - bem mais nova - as pessoas passavam tentando olhar lá dentro para saber como era. Até eu fiquei curiosa de saber como era. =)

Eu moro hoje no mesmo bairro no qual nasci. Eu vivi minha vida toda aqui... sei o hino da cidade. Sei onde ficam as coisas e como elas funcionam. São Caetano do Sul é o que, em inglês, chamamos de home town - cidade lar. É de onde eu vim... é onde eu vivo... A cidade é parte da minha identidade.

Minha percepção é andar no centro e pensar: o quanto será que eles não passaram por aqui? Não fizeram coisas? Encontraram amigos...

Qual a relação que você tem com a sua cidade? Ela também foi dos seus ancestrais?

Pietra

Um comentário:

S. Thot disse...

Olá Pietra!

Certa vez escrevi sobre a ancestralidade e a cidade onde nasci e moro. Segue um trecho e o posterior link.

"Em parte porque minha família é migrante, nossas raízes próximas não são desta cidade. Meus parentes não tem nome de bairro ou rua aqui. E sempre ouvi de meu pai, hoje falecido, de uma terra onde brota leite e mel. Sua cidade-natal. Sou um guarulhense por documento e esforço."

Concordo sobre a estreita ligação entre a terra e a família. Fiquei pensando neste trecho do texto:

"São Caetano do Sul é o que, em inglês, chamamos de home town - cidade lar." Quando vou a outros lugares penso "Hey, tal coisa podia ter em Guarulhos. Ficaria legal." A cidade como uma extensão do bem que queremos à nossa própria família, algo assim...

http://blogsementesagrada.blogspot.com/2009/03/dos-ancestrais.html