quarta-feira, 16 de julho de 2008

Trabalhando para os deuses

De vez em quando eu me reúno com amigos para ritos ou celebrações - incluindo, obviamente, as duas streghe que também escrevem neste blog. E, de todas as vezes que nos encontramos na minha casa, para algum tipo de trabalho, uma questão sempre ficou na minha mente: quando, efetivamente, começa nosso trabalho para os deuses?

Ao pensae em trabalho para a divindade, imediatamente pensa-se no que é mágico e ritual. Mas antes do rito, eu sempre tenho várias coisas para fazer: varrer, lavar, passar pano no chão, fazer uma comida (para a divindade e para nós), organizar o espaço do ritual, começar a preparar o altar - que sempre é terminado com a coletividade -, ir ao mercado, etc.

Além disso, tem a outra parte. Eu preparo a casa, faço meus procedimentos de proteção, firmo meus deuses, tomo um banho para preparar meu corpo, escolho a roupa mais adequada. Essa última parte é mais focada na intenção, mais específica, mas não diminui a importância da primeira.

Afinal, eu não quero ritualizar em um lugar feio e sujo! Nem meus companheiros! Meus deuses também não querem ver desleixo e descaso! Eu também não quero que nada saia errado e por isso preparo a área do altar. Faço a comida, um oferecimento nosso à deidade, e com isso uso tempo, uso mão de obra, uso conhecimento - e uso a minha mãe para dar uma ajuda... rs

Sábado foi assim. Nos reunimos para um rito e eu passei o dia todo cuidando disso. Deixei de ver meu namorado, de fazer a minha unha e me dediquei às compras, à comidinha, à misturar e colher ervas, à arrumar e limpar meus caldeirões, à limpeza do hall da escada e do banheiro. Não me arrependo, porque sei que tudo isso foi essencial para o que tomou lugar à noite.

Eu acho, na verdade, que esse tipo de coisa faz parte da nossa dedicação e do nosso trabalho por eles e para eles. Acho que faz toda a diferença quando você simplesmente limpa e quando você limpa porque usará o espaço em honra a um deus. Essa parte da coisa é algo sobre a qual raramente ouvimos falar, um trabalho de bastidor, algo que ninguém se lembra na hora "h", mas que é essencial para que tudo dê certo e para que o serviço saia bem feito.

4 comentários:

Green Womyn disse...

Se formos pensar bem, o sagrado está presente em nossa vida em todo momento, não é mesmo?

Green Womyn disse...

Achei que isso aqui tem a ver com o que você escreveu:

http://greenwomyn.multiply.com/journal/item/3/3

Unknown disse...

Eu comentei num momento que a Bruxaria e o divino são panos de fundo da nossa vida... e com eles estamos o tempo todo... Acho lindo e vital nos envolvermos assim... cuidando, limpando, cultuando e estando com Eles o tempo todo!

Carol Carvalho (Carol Yara) disse...

Sim... eu mesma passo muito por isso quando o assunto é "varrer, lavar, passar pano no chão, fazer uma comida (para a divindade e para nós), organizar o espaço do ritual, começar a preparar o altar - que sempre é terminado com a coletividade -, ir ao mercado, etc"... e não obstante sinto essas tarefas muuuito parte de todo o "ritual".

Por alinhar o espaço, como a vibração (e aí entra toda o preparo de firmeza e proteção espiritual, banhos e roupas apropriadas) são modos de nos preparar e nos religar com nós mesmo... mas esse nós que encontra a parte mais rica que devotamos tanto amor, que são as divindades que em nós habitam.

E embora no final seja pra nos deixar mortas de cansaço... eu sinto dentro de mim que vale muuuuito pq essa parte traz com ela uma esfera de magia e poder (suado, sim... malhado, sim... mas efetivo) que só o calo das mãos na massa podem ensinar!!!!

Taí aí minha forma de entrega mais sentida e sincera que sei dedicar as divindades, com todo o coração. O Trabalho!! O Preparo!! A mão!!